Por Leonardo Nogueira
“Ô abre-alas, que eu quero passar”. A primeira noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí teve como destaques Mangueira, Unidos da Tijuca, Império Serrano e Grande Rio. Essas escolas se credenciaram a lutar ao menos por uma vaga no desfiles das campeãs. Já Mocidade Independente de Padre Miguel e Acadêmicos do Salgueiro apresentaram alguns problemas e devem ficar longe do título.
A Império Serrano, de volta ao Grupo Especial, e a Grande Rio, que briga pelo bicampeonato, abriram os desfiles da noite de domingo com homenagens a Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, respectivamente. A Império Serrano levou Arlindo Cruz para participar da festa sentando em um trono. A escola buscou inspiração em composições cantadas ou criadas pelo do sambista para a produção de suas alas.
Em entrevista à revista Quem, o filho do cantor homenageado, Arlindinho, afirmou que o momento foi mágico e viu seu pai emocionado. “Império Serrano falar de um imperiano, como meu pai, é muito importante. Meu pai também se emocionou. Quando ele levantou a mãozinha, foi mágico”, disse o cantor.
Atual campeã, a Grande Rio carregou sua reverência por Zeca Pagodinho para a avenida. Com um desfile que tem como enredo a história do mestre, considerado por Beth Carvalho o rei do samba brasileiro, a agremiação trouxe em suas alas diversas crenças do sambista – como Oxum, Ogum, Cosme e Damião e São Jorge.
Um dos destaques mais comentados nas redes sociais, foi a atuação da rainha de bateria Paolla Oliveira, que desfilou fantasiada de Ogum, orixá guerreiro de grande apreço do sambista. A agremiação teve problemas com seu quarto carro que acabou batendo na grade do setor 1, mas não deixou feridos e não deve atrapalhar muito a escola
Tijuca e Mangueira são a Bahia no Grupo Especial
Duas escolas homenagearam a Bahia na Sapucaí: A Unidos da Tijuca, que apresentou a história da “Baía de Todos os Santos”, e a Mangueira, que entrou com o enredo “As Áfricas que a Bahia canta”.
A Tijuca teve em seu enredo a cultura e a história da Baía de Todos os Santos, da Bahia, com muita ludicidade. A agremiação levou para a avenida sereias, botos, contos de pescadores, e lendas da população ribeirinha. A atriz Juliana Alves, que desfilou como Iemanjá, foi um dos pontos de destaque na comissão de frente que levou um show de luzes para a avenida.
No encerramento do primeiro dia, a Mangueira relembrou em seu enredo as diversas Áfricas que colaboraram na construção do Brasil. Na Sapucaí, a agremiação contou uma história de forma cronológica, desde os cortejos afro-baianos do século 19 até os dias de hoje. Sétima colocada no ano passado, a Mangueira tem tudo para brigar pelo título neste ano.
As duas escolas que tiveram um pouco mais de problemas foram a Mocidade, com Mestre Vitalino (1909-1963) como seu samba enredo e o Salgueiro, que mostrou um novo olhar para o Jardim do Éden, questionando preconceitos e pecados.
Enquanto a escola da Zona Oeste levou para a avenida problemas apresentados no pré-carnaval, como por exemplo a qualidade dos acabamentos de suas alegorias, a vermelho e branco acabou prejudicada pelas próprias decisões. O gigantismo de seus carros alegóricos deu trabalho na avenida e fez a evolução da escola apresentar preocupantes clarões.