O Seminário da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) de Segurança Hídrica 2023 apresentou cases reais sobre reúso, dessalinização, inovação, tecnologia, monitoramento de perdas e Soluções baseadas na Natureza. Organizado pela federação, o encontro, que aconteceu na última segunda-feira, 27/03, contou com dirigentes de indústrias e especialistas em sustentabilidade, tecnologia e inovação.
“A água é fator limitante à expansão dos negócios. A comunidade empresarial já enfrenta os efeitos adversos da mudança climática. E dados mais recentes revelam que no estado do Rio de Janeiro só 44% do esgoto é tratado e há 45% de perda de água potável já tratada. Temos o intuito de colaborar para a construção de uma agenda de governança em Recursos Hídricos”, pontuou Carlos Fernando Gross, 1º vice-presidente da Firjan CIRJ.
Com o lema “Investir na natureza nunca foi tão bom para seus negócios”, o evento apresentou casos de reúso de água por indústrias. Um dos exemplos é o Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense, cujo projeto está sendo implantado em parceria com a Anglo American.
Fernanda Sossai, head de Sustentabilidade e Administração Portuária e vice-presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan, contou que o maior uso de água no Açu ocorre principalmente nas termelétricas (96%), e que, dos outros 4%, metade passa por reúso.
“O projeto é feito em parceria com a Anglo American, que opera o mineroduto de Minas até o Porto. Nesses dutos, 30% são água e o restante o minério. Quando chega no Açu, essa água é descartada e 15% dela é reaproveitada no condomínio de empresas da área portuária”, explicou Fernanda. O Açu trabalha em um projeto para reutilizar toda a água do mineroduto.
A Braskem é outra empresa que tem um projeto pioneiro no país de reúso em São Paulo. Luiz Carlos Xavier, responsável corporativo por Adaptação às Mudanças Climáticas e Governança Hídrica, ressaltou que a estratégia e a política hídrica têm grande importância para a indústria química, que usa muita água.
“A Braskem possui também um programa de engajamento dos fornecedores, como os da Bacia do Guandu. A companhia pretende fazer captação da água da chuva e ainda reusar essa água junto com efluentes. “Quando se pensa no custo da água é preciso lembrar do custo de não se ter água”, lembrou Xavier.
Firjan acredita que projetos de reúso da água terão maior atenção do setor produtivo
Diógenes Lyra, diretor executivo da Águas do Rio, destacou que antes os projetos de reúso eram quase uma utopia. “Hoje já estão aqui e vamos fazer mais. São oportunidades de negócios para a nossa empresa, mas acima de tudo, com o reúso industrial sobra mais água para abastecer as pessoas”.
Ele mostrou que as Estações de Tratamento de Esgoto operam abaixo das suas capacidades e que projetos de reúso poderiam ser feitos para indústrias. A concessionária possui três grandes projetos em andamento.
Jorge Peron Mendes, gerente de Sustentabilidade da Firjan e mediador do evento, vislumbrou maior atenção do setor produtivo aos projetos de reúso, já que o Rio de Janeiro tem demanda por parte das indústrias e apresenta oferta por meio das concessionárias e suas estações de tratamento de esgoto.
À tarde, Thiago Valente, diretor da Fundação Grupo Boticário, apresentou o “Movimento Viva Água Baía de Guanabara”. No segundo painel sobre Tecnologia e Inovação para Segurança Hídrica foi a vez de as empresas Dessalinização IDE Israel, TeD Sustentável e o Instituto SENAI de Inovação em Química Verde mostrarem o que vêm desenvolvendo. O último painel foi sobre “Soluções baseadas na Natureza para Segurança Hídrica”, com participação de representantes da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), da L’Óreal (Jardins Filtrantes) e da Prefeitura de Niterói (Parque Orla Piratininga).