Rio de Serra e Mar. Estado com topologia ímpar que se orgulha de ter em seu litoral portos importantes como o de Angra dos Reis, Itaguaí, Rio de Janeiro e Açu. Agora, imagine como seria a história se a malha ferroviária do transporte de carga no estado não tivesse sucateada? É esse cenário que a Frente Parlamentar Pró-Ferrovias Fluminense, criada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) há 30 dias, quer alterar.
Nesta sexta-feira (15) o grupo coordenado pelo deputado Luiz Paulo (PSD) se reunirá em audiência pública para debater o traçado da EF-118, que tem um trecho no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que liga a Região Metropolitana de Vitória ao Porto do Açu, no Norte Fluminense e pode ter o traçado estendido para a Região dos Lagos ou subindo para Minas Gerais.
O deputado estadual Luiz Paulo considera fundamental incluir os ramais ferroviários no Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico Social (Pedes), que está sendo elaborado pelo estado e deve ser entregue até o dia 30, bem como na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a ser apresentada no fim deste mês à Alerj.
O parlamentar fala sobre o abandono das ferrovias e aponta o caminho que poderia significar uma nova fase de desenvolvimento para o interior.
“Há muito se abandonou nesse estado a logística de carga por trilhos. Ninguém mais cuidou disso com a devida seriedade. Por muitos motivos. Nós vivemos o boom da gasolina a partir da década de 1970, o boom do petróleo. Todo mundo se desandou a apostar no transporte rodoviário. Isso é desastroso. Um país que precisa transportar minério e grãos para os portos tem que se respaldar em ferrovias. E o estado tem uma série de portos e precisa estar com tudo integrado e agora há uma movimentação para que isso aconteça. É um momento histórico”, relata.
“Primeiro trecho claro é o de Angra – Barra Mansa e depois Barra Mansa – Varginha. Aí você pode escoar de Varginha que é o grande centro produtor de todo o café do Brasil direto para o porto de Angra dos Reis. Essa ferrovia hoje, que já foi operativa no trecho Barra Mansa / Angra, passando por Lídice, está praticamente zerada”, completa Luiz Paulo.
“Um país que precisa transportar minério e grãos para os portos tem que se respaldar em ferrovias”.
Deputado Luiz Paulo (PSD)
Prejuízo no transporte de passageiros
A Frente Parlamentar começou os trabalhos pela logística do transporte de carga, mas também joga luz sobre um problema crônico na Região Metropolitana, em um objetivo secundário. O serviço de transporte de passageiros concedido à Supervia, que já foi alvo de CPI, e hoje enfrenta uma fase de queda na demanda e na qualidade da operação.
“Hoje o sistema está sendo subsidiado e piorando dia a dia. O que se previu à época (da CPI) é que o estado fizesse uma nova licitação, com outra metodologia, e não a atual, para poder fazer a alteração do sistema de transporte de passageiros. A supervia está em uma concessão que dá prejuízo. O estado entra com dinheiro subsidiando a tarifa, diferença de R$ 7,20 para R$ 5,00 e que não dá retorno para a população”, ressalta Luiz Paulo
“Cada vez você perde mais demanda pois perde qualidade de serviço, prejudicando muito os usuários tanto da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro quanto da Baixada Fluminense. É quase uma covardia com o povo trabalhador”.