Se alguém dos anos 2000, encantado com o futebol do jovem Pedrinho com a camisa do Vasco, transportar-se para os tempos atuais tomaria um susto. Aquele franzino menino virou fã de crossfit depois que pendurou as chuteiras. Mas a grande surpresa estaria aqui: Pedrinho é presidente do Vasco. Ele comandará o quadro associativo de 2024 a 2026.
Em pleito disputado durante todo o dia de sábado a eleição do Vasco foi online, com possibilidade de votação na sede do Calabouço, na capital fluminense, ou por um site específico, onde era necessário que o sócio inserisse informações para confirmar que fazia parte do grupo de aptos a votar.
O dia que percorria sem grandes percalços foi manchado por uma confusão na chegada do atual presidente Jorge Salgado e do ex-presidente da Assembleia Geral, Mussa. Os dois foram muito hostilizados. Na confusão envolvendo Mussa a Polícia Militar chegou a ser chamada.
Pedrinho ganha com boa margem
Na contagem total das urnas com 84% dos eleitores aptos tendo participado, Pedrinho recebeu 3.372 votos, contra 1.844 do adversário, o advogado Leven Siano, do Projeto Somamos, figura carimbada no processo político do Vasco, com boa experiência. Nas urnas separadas, com os votos suspensos, Pedrinho recebeu 372, enquanto Leven recebeu 74.
“Quero agradecer ao Leven. A disputa foi justa e leal. Ele é muito competente, merece todo o respeito. Tudo que eu falei durante a campanha continua. Uma das minhas intenções é fazer o Vasco diferente do que vimos nos últimos anos. O objetivo e o ideal é o Vasco vencedor e campeão. É isso que vamos buscar daqui para frente”, disse Pedrinho, novo presidente do Vasco.
Mas, afinal, o que a torcida do Vasco pode esperar deste momento de renovação do quadro político? Será que um ex-jogador e ex-comentarista de futebol conseguirá tomar o leme de uma nau que navega em mares revoltos? Como ficará a relação com a SAF?
A “Sempre Vasco”, chapa de Pedrinho, terá 120 cadeiras no Conselho Deliberativo e seu adversário terá 30 lugares, incluindo o vice. Mas essa maioria não necessariamente corresponde a trabalho fácil. Mas, entre todos, há uma certeza: A necessidade de condições para que o futebol, gerido pela SAF, volte aos tempos de glória.
Pedrinho chega ao poder com o apoio de amigos de longa data de Vasco da Gama, como Felipe e Edmundo, mas pesa contra ele a falta de experiência em um ambiente de velhos lobos como o futebol brasileiro. No Vasco, com a nebulosa atuação da SAF, é vai ou racha. Ou, melhor, navega ou afunda.
Em sua entrevista coletiva já como presidente do clube de coração, Pedrinho lembrou do pai, vascaíno, a quem homenageou indo à votação com uma camisa escrita “Helio”, ressaltou o sucesso que fez como comentarista de futebol e felicitou que viu neste sábado que a decisão de se candidatar era a melhor possível.
Pedrinho tem desafio imenso pela frente
Tudo isso é muito bonito, mas não colocam o Vasco nos trilhos. É preciso trabalho, é preciso planejamento. É preciso colocar em prática pelo menos um pouco do que o adversário, com o projeto Somamos, colocou.
“A partir do ano que vem, botar os projetos pra andar. Quando sair daqui, comemorar um pouco, mas estamos focados no que é o Vasco no Campeonato Brasileiro. Amanhã, estamos em São Januário torcendo porque isso que é o mais importante. O objetivo principal é o que está acontecendo no campo, porque queremos que o Vasco ganhe e comece a se distanciar dessa zona desconfortável”.
O mais otimistas e sonhadores dos vascaínos sonha em ver na prática uma teoria pensada entre Pedrinho e José Roberto Lamacchia, dono da Crefisa e da FAM, que patrocinam o Palmeiras, cuja presidente é Leila Pereira, esposa de Lamacchia e também presidente da Crefisa.
A poucos dias do pleito vascaíno Lamacchia anunciou interesse em comprar os naming rights de São Januário, abrindo espaço para uma parceria que pode render muitos frutos para o Vasco da Gama, mas que promete não ser fácil.
O que esperar, então, de Pedrinho? O ex-jogador é eleito em um momento-chave para o clube. A pedra no sapato dele é a falta de experiência com os processos que cercam um clube da grandeza do Vasco da Gama. Mas é exatamente esta falta de envolvimento que pode ser também um certificado de ausência de “vícios de mercado”.
A conferir. Há muito trabalho pela frente.
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