Por Juedir Teixeira*
A perda de alimentos é um problema global que afeta não só a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental, mas também tem repercussões significativas nos resultados financeiros do setor varejista. Neste artigo, discutiremos a extensão do problema da perda de alimentos em nível mundial e exploraremos como esse fenômeno impacta os resultados das empresas do varejo.
Perdas de Alimentos no Mundo: Uma Visão Geral
Segundo a FAO, aproximadamente um terço de todos os alimentos produzidos para consumo humano se perde ou é desperdiçado a cada ano. Isso equivale a cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comida, representando uma enorme ineficiência nos sistemas alimentares globais. As perdas de alimentos ocorrem em todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde a produção agrícola até o consumo final, devido a uma variedade de fatores, incluindo práticas agrícolas ineficientes, infraestrutura inadequada, armazenamento precário e padrões de consumo excessivo.
Impacto das Perdas de Alimentos na sociedade e nos Resultados Financeiros do Varejo
Uma das principais rubricas que mais afeta os resultados de uma operação de supermercados são as perdas, sendo muitas vezes maior que o próprio lucro obtido pela empresa. Mas as perdas vão muito além dos prejuízos financeiros e devem ser tratadas como um Propósito da Marca, pelos seguintes motivos:
- As perdas de alimentos têm um impacto significativo nos resultados financeiros das empresas varejistas. O setor de varejo de alimentos é especialmente sensível a essas perdas, pois opera em um ambiente altamente competitivo e com margens de lucro relativamente baixas. Quando os alimentos se perdem ao longo da cadeia de abastecimento, as empresas varejistas enfrentam custos adicionais que afetam diretamente sua rentabilidade, podendo as perdas serem até superiores ao lucro obtido pela empresa;
- As perdas de alimentos no varejo podem resultar em custos operacionais mais altos, incluindo custos de reposição de estoque, descarte de resíduos, manutenção de equipamentos de refrigeração e custos adicionais de gestão de resíduos. Além disso, as perdas de alimentos também impactam a satisfação do cliente e a reputação da marca, o que pode levar a uma diminuição nas vendas e redução de participação de mercado;
- Como grande parte das pessoas que trabalha no varejo faz parte da geração Z, os nascidos de 1994 até 2010, que somente fazem as coisas que tem sentidos para eles, e enxerguem na ação um propósito, a melhor maneira de combater a redução de perdas é divulgar informações sobre as perdas e desperdício de alimentos para a conscientização, não somente do pessoal interno, mas da população em geral, quanto à possibilidade de redução da fome no mundo;
- Até 2.050 o mundo terá mais de 9 bilhões de pessoas e o grande desafio é como alimentar toda essa população. A redução de desperdícios pode contribuir de forma efetiva;
- O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do mundo, mas infelizmente também é um dos países com o maior índice de desperdício de alimentos. De acordo com dados do IBGE, cerca de 30% dos alimentos produzidos no país acabam sendo jogados fora, o equivalente a cerca de 46 milhões de toneladas de alimentos por ano;
- Segundo estudo do Instituto Akatu, 64% dos produtos plantados no Brasil são desperdiçados, sendo:
a) 20% na fase de colheita;
b) 8% na armazenagem e transporte;
c) 16% no processo industrial e no varejo;
d) 20% dos produtos são desperdiçados no preparo para o consumo e hábitos alimentares.
Uso da água
De acordo com o World Resources Institute / ONU, as formas de uso da água disponível são:
- 70% agricultura;
- 22% indústria;
- 8% consumo das pessoas;
Gastamos 15 mil litros de água para produzir um kg de carne e 18 mil litros para produzir um kg de carne de boi. Se reduzirmos o desperdício de alimentos estamos indiretamente reduzindo o consumo de água, um ativo extremamente estratégico no mundo atual.
Dados quanto ao desperdício:
- 54% do desperdício de alimentos ocorre nas etapas de produção, manipulação, pós-colheita e armazenagem dos produtos, principalmente em países em desenvolvimento;
- Os outros 46% são perdidos na distribuição e no consumo;
- Quanto mais industrializado e renda mais alta, maior o desperdício dentro dos 46%;
- O desperdício per capita na Europa e América do Norte é de 95 a 115 kg/ano, enquanto na enquanto na África Subsaariana e no Sul e Sudeste da Ásia, de apenas 5 a 11 kg/ano;
Ações importantes para reduzir perdas:
- Conhecer e entender os tipos de perdas e seus motivos (Pareto);
- Ter métrica de medição, através de indicadores de desempenho, para saber onde está e onde pretende chegar (meta);
- Definir estratégias para que a meta estabelecida seja alcançada;
- Uma boa estratégia e ter a redução de perda como um propósito da empresa, para a redução da fome do mundo, através da conscientização de fornecedores, clientes internos, clientes externos e sociedade em geral;
- Treinar todos gestores e colaboradores, de acordo com o propósito definido;
- Fazer a gestão de perdas girando o PDCA, para a busca constante de melhoria contínua, reconhecendo a equipe por cada meta alcançada;
- Buscar boas práticas no mercado e usar benchmark interno;
- Investir em tecnologia;
- Tornar a prevenção de perdas um processo permanente do negócio.
A melhor maneira de reduzir as perdas é através da conscientização de todas as pessoas envolvidas no processo, sendo que as pessoas das áreas de logística, armazenagem, reposição e manipulação de alimentos são fundamentais.
Temos feito consultoria para redução de perdas através da conscientização dos times das empresas envolvidos direta e indiretamente nos processos e os resultados obtidos têm sido excelente, sendo que o investimento na consultoria varia de 10% a 20% dos ganhos obtidos com a redução de perdas.
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Juedir Teixeira é PhD. em Gestão.
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