Da Ladainha a Chula, do Corrido à quadra. A ginga da capoeira era sopro de sobrevivência em um Brasil triste e não tão no passado assim. Negros que vinham da África escravizados encontraram na criação da dança e luta rítmica uma forma de enfrentar as brutais perseguições dos tempos de engenho.
Neste Dia do Capoeirista, celebrado neste sábado (3), nós gingamos em homenagem à modalidade e potencializamos a voz de Beto Simas, ou Mestre Boneco. Ele é fundador do Grupo Capoeira Brasil e organizador do VMB, Volta do Mundo Bambas, evento internacional.
Em tempos de breaking dance nas Olimpíadas de Paris conversamos com Beto Simas sobre o cenário atual. Entre os assuntos, a transição da modalidade artística e musical em direção a uma consolidação como opção desportiva.
Os desafios
“O cenário de uma certa forma mudou principalmente em relação a capoeira desportiva. Sempre tivemos campeonatos de capoeira, porém com uma dificuldade muito grande de julgamento, visto que nossa arte é de certa forma muito subjetiva a nível de pontuação , porém agora com o aparecimento de um campeonato chamado VOLTA DO MUNDO BAMBAS, a história mudou, o VMB vem com regras claras e bem objetiva e com uma roupagem de entretenimento que dará uma real visibilidade esportiva para a nossa capoeira, a nível mundial, dia 20 de julho produzimos o VMB6 em Los Angeles, com transmissão ao vivo e cobertura televisiva , um campeonato/evento/show digno dos maiores show internacionais.
Porém ainda temos muito que caminhar em todos os aspectos, não só desportivos, como culturais e estruturais também”.
Capoeira nas Olimpíadas
“Acho que o caminho já está sendo traçado com essa iniciativa comprometida do VMB de organizar de forma objetiva a capoeira esportiva, mas vai depender de muito trabalho, dedicação, disciplina e vontade. Tenho certeza que um dia estaremos aptos a termos nossa arte/esporte sendo uma modalidade olímpica sem perder a essência cultural própria”.
“Tenho certeza que um dia estaremos aptos a termos nossa arte/esporte sendo uma modalidade olímpica sem perder a essência cultural própria”.
Valorização e inclusão social
“Sem dúvidas nenhuma a capoeira , na minha opinião, é o maior e melhor veículo de transformação, inclusão e socialização que conheço e não só no Brasil, mas pelo mundo a fora e falo com propriedade e experiência própria. Não conheço nenhuma ferramenta de transformação tão poderosa quanto a nossa capoeira, porém precisamos que o poder público também entenda e se conscientize da força de nossa arte/luta. A capoeira é a identidade do povo brasileiro!”
O futuro da capoeira
“A capoeira como patrimônio imaterial da humanidade foi outro grande ganho para nossa arte, mas como falei anteriormente, não basta somente títulos ou dias, precisamos todos nos organizarmos enquanto sociedade civil, poder público ou privado para uma maior conscientização de quão forte é essa ferramenta, a CAPOEIRA! Gostaria de ver todo brasileiro, por um momento que seja, passar pela capoeira, seja conhecendo a história , seja na musicalidade , seja nos movimentos ou nos instrumentos”.
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