A cada momento e de forma progressiva na proporção do dano causado, somos informados de novas intervenções humanas feitas de forma violenta e brutal no meio ambiente; Queimadas irregulares que devastam florestas inteiras levando a morte de animais queimados vivos ou por falta de água ou alimentos, fauna e flora em agonia profunda. Infelizmente a degradação da natureza está diretamente ligada à cultura da maioria dos povos e seus modelos de convivência e relacionamento com o meio ambiente meramente extrativista.
Caso não haja uma mudança imediata e radical na maneira como nos relacionamos com o meio ambiente, certamente as notícias de amanhã serão piores que as de hoje, que foram piores que as de ontem. Por causa da deterioração e degradação global do ambiente, clamo por um utópico arrependimento e consequente conversão ecológica global sob pena de em algumas décadas vivermos em uma distopia como aquela apresentada em um futuro apocalíptico no filme Mad Max.
Nesse artigo, falo aos que creem no Deus Hebreu, em Ala, Buda, divindades Africanas, Indígenas, Indianas enfim divindades de todos os panteões através dos quais buscam manifestar sua espiritualidade. Mas também, me dirijo aos que não creem em nenhuma dessas divindades, mas que entendem que existe algo para além de nossa simples existência.
Falo aos jovens que são apaixonados e apresento-lhes uma excelente causa para se apaixonar (causa ambiental), aos adultos pois que dispõe dos instrumentos para transformar essa situação ambientalmente caótica e aos velhos que carregam consigo a experiência.
Como dissociar o bem contido na espiritualidade do respeito ao meio ambiente?
O Deus Hebreu ao estabelecer o ano sabático, isto é, um período de descanso da terra após seis anos de cultivo e colheita demonstra seu respeito pela terra. Vemos no Islam o incentivo ao plantio de árvores feito pelo profeta Maomé ao ensinar que o muçulmano que plantar uma árvore, quando qualquer um se alimentar dela, seja homem, animal ou qualquer outra criatura, será computado para ele uma recompensa. Esses são apenas alguns exemplos.
A prática da espiritualidade e religiosidade está ligada a boa prática ambiental e a consciência ambiental ao avanço da espiritualidade. Não posso dizer-me religioso ou espiritualista ou até mesmo uma pessoa boa e justa, sem demonstrar um profundo respeito ao meio ambiente.
A humanidade precisa parar, refletir e arrepender-se! E esse arrependimento somado a uma consciência ambiental do mal praticada contra as gerações futuras e até mesmo as contemporâneas, pode ser convertida em ação ambiental eficaz que talvez traga alguma esperança.
Porém essa nova consciência ambiental, deve estender-se a consciência política, através da qual cobremos incialmente de nós mesmos e em seguida de nossos governantes projetos ambientais para além de matrizes ideológicas.
Além de não cobrar, os elegemos e os reelegemos mesmo sabendo dos péssimos resultados de seus governos em questões ambientais.
Quando cobramos, eles (os políticos) culpam seus antecessores e esquecem dos discursos de campanha onde apresentavam mirabolantes e mágicas proposta de salvação do meio ambiente e no mesmo tom, artistas de ocasião fazem campanhas corroboradas por grandes interesses em certos casos mostrando um viés ideológico maior que a consciência ambiental, pois demonstram uma indignação seletiva que varia em função de quem está ocupando o poder.
A verdadeira cobrança deve ser por educação ambiental capaz de desenvolver em nossa (se ainda houver tempo) e nas novas gerações, uma consciência ecológica profunda capaz de instrumentalizar a humanidade na proteção e convívio com o meio ambiente.
Se respiramos é porque estamos vivos e se estamos vivos é porque respiramos e se estamos vivos porque respiramos é porque a natureza nos proporciona gratuitamente esse privilégio mesmo diante de nossa ingratidão.
Precisamos entender que sem meio ambiente, não temos pátria e nem família, sem meio ambiente não temos usuários do bolsa família e nem terras para invadir. Por isso, meio ambiente é maior que política e deve ser nossa causa comum. O problema ecológico é consequência do uso irresponsável e descontrolada dos recursos naturais.
E justamente por isso vemos a imperiosa necessidade de uma mudança radical no comportamento da humanidade. Precisamos de um freio de arrumação que oriente o progresso científico e o desenvolvimento econômico criando um modelo de crescimento com profundo caráter moral e social respeitando não somente o indivíduo, mas também, o meio ambiente e a coletividade.
Professor Hélvio Costa é jurista e professor universitário
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