E se descobrires que aquele a quem condenaste era inocente? E que, após anos cumprindo tão cruel reclusão, o direito que negaste a este, fora na verdade daquele que buscando o abrigo da lei, não encontra em seus julgamentos equidade?
Se descobrires que o filho daquele que teve arrancado à força da sua infância tão sagrado convívio paterno? E quando afinal, descobrindo o equívoco, for tarde demais, constatar então que o preterido já não pode gozar de tão elementar direito a liberdade afinal, já tem exauridas as forças do que fora a mocidade?
Quando apequenar-se ante o nome do grande réu que suplica ser livre provisoriamente e, após libertado, tornar a cometer os mesmos erros? Podeis, Senhor Juiz, do alto da Vossa responsabilidade, ignorar a tudo isto?
Se estás, para! volta aos primeiros passos e indigna-te com o teu erro. Prepara-te, mas não só com a letra e nem só com o verbo, mas também com o coração. Prepara-te para sentires e lamentares cada vez que condenares um inocente ou preferir o verdadeiro merecedor da pena.
Se por medo, encontra força na justiça. Se por incerteza, antes de vacilar a pena, despe-te dos teus conceitos, ignora os grandes, almeja a justiça. Então aí julga, não busque a glória, pois esta não é para ti. Sozinho, és apenas juiz. Na demanda, és a justiça perfeita. No final, contenta-te apenas com a confortante certeza do dever cumprido.
Professor Hélvio Costa é jurista e professor universitário
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