Opinião
Opinião
Opinião

Editorial: Dudu, o equilibrista

A trajetória do prefeito da capital, Eduardo Paes, é a maior prova de sua capacidade de se manter em pé.

Compartilhe:
23 de dezembro de 2024
Editorial: Dudu, o equilibrista
O prefeito do Rio, Eduardo Paes

*Por Marcos Luz

Eduardo Paes já foi o vereador mais votado da cidade, foi deputado federal, subprefeito da zona oeste, secretário municipal e estadual, foi eleito quatro vezes para prefeito, sendo agora o prefeito mais longevo da história do Rio.

Já se aproximou e se afastou de aliados e desafetos, passou por vários partidos, venceu e perdeu eleições, nem sempre conseguiu eleger seus sucessores, já sobreviveu a muitas tempestades políticas e já fez muito sucesso, mas também precisou voltar atrás e reconhecer erros.

O fato é que, goste ou não, Eduardo Paes é a cara do Rio. Um político inegavelmente trabalhador, comunicativo e que gosta de samba e futebol.

Os críticos dizem que isso é política do pão e circo e que Eduardo já foi prefeito por muitos anos e existem problemas que até hoje ele não conseguiu resolver. Alguns, inclusive, até bem pouco tempo ele dizia não ter responsabilidade. Mas também precisamos admitir que ele já resolveu muito problemas.

Muito se diz que Eduardo Paes tem defeitos, só não tem adversários. E talvez o fato de não ter adversários seja pela sua maior qualidade, a capacidade de dar nó em pingo d’água. Eduardo é um verdadeiro equilibrista, um estrategista como poucos, e vai se equilibrando sempre no limite da aprovação e evitando a rejeição.

Ele é apoiador de tudo e de todos, ele apoia um segmento ou uma causa, um aliado ou até o desafeto, mas somente até a página 2, não ultrapassa um determinado limite de segurança, evitando assim ser rotulado ou sofrer rejeições.

Eduardo sobreviveu a décadas na política do Rio de Janeiro sem ser rotulado. E olha que isso em se tratando de Rio de Janeiro é dificílimo.

Até no caso de Maricá, quando uma piada infeliz pegou muito mal, ele conseguiu dar o nó pingo d’água e hoje isso é lembrado de forma irônica e muitas vezes por ele mesmo para descontrair o ambiente. A escolha de seu novo secretariado demonstra toda sua habilidade equilibrista.

O secretariado contará com um “Dream Team” do crescimento e desenvolvimento que terá a missão de fazer uma gestão focada no setor privado e atrair empresas e investimentos para a cidade, mas também teremos defensores do socialismo que são contra tudo isso.

Teremos seu núcleo duro com nomes mais próximos do prefeito junto com os mais novos alguns subprefeitos que agora foram eleitos vereadores e também vão compor o secretariado, junto deles indicações de esquerda, de direita, dos evangélicos e de todos os lados e correntes.

Eduardo demonstrou toda sua velha habilidade de se equilibrar em várias canoas, mas teve uma nomeação em especial que chamou atenção: Para a presidência da RioLuz foi escalado um ex braço-direito do atual presidente da Assembleia Legislativa.

Na última tentativa de se eleger governador, Eduardo era o grande favorito até as vésperas da eleição e acabou surpreendido por um desconhecido que passou pela política como um cometa de tão rápido que foi.

Eduardo parece estar mais preparado dessa vez, demonstra saber que popularidade é importante, mas não se pode ignorar as forças políticas, mesmo aquelas mais ocultas.

No Rio de Janeiro é assim, acabamos de passar por uma eleição e o novo mandato ainda nem começou, mas já estamos de olho na próxima. Sabemos que 2026 é logo ali, mas não esqueçam que 2028 também é e já tem muita gente pensando em disputar essa prefeitura após a saída de Eduardo.


*O empresário Marcos Luz é diretor do Conexão Fluminense

Quer receber esta e outras notícias diretamente no seu Whatsapp? Entre no nosso canal. Clique aqui.