Pela primeira vez divididos em três dias, os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro terminaram na madrugada desta quarta-feira de Cinzas (5). Futurismo, grito de resistência e luta contra a transfobia e homenagens ao Estado do Pará e a Milton Nascimento encerraram o Carnaval 2025.
A apuração das notas dos 36 julgadores, distribuídos em nove quesitos, ocorrerá às 16h. Como nos anos anteriores, a menor das quatro notas é descartada. As agremiações mais bem colocadas retornam à Sapucaí no próximo sábado (8) para o desfile das campeãs. A vencedora encerra a noite.
Cães-robôs abriram última noite do Carnaval 2025
Primeira a desfilar, a Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe uma reflexão para o Sambódromo. O desfile abordou os reflexos do avanço da tecnologia para os seres humanos e o meio ambiente. Um dos tripés apresentou uma simulação do jogo Street Fighter. Em uma das projeções, o carnavalesco Renato Lage arbitrava um duelo fictício entre o dono do X, Elon Musk, e o presidente da China, Xi Jinping.
Uma das alegorias da escola, que neste completa 70 anos, trouxe a família Flintstones e os Jetsons. Carros alegóricos e fantasias também fizeram menção ao modo de vida predominante nos anos 1970, 1980 e 1990. Dois pequenos cachorros-robôs chamaram a atenção na comissão de frente.
Muita das criações presentes no desfile lembraram criações do casal Lage nos anos 1990 na própria Mocidade. A passagem da escola foi concluída com bandeiras com a estampa do rosto da carnavalesca Márcia Lage, também responsável pelo enredo deste ano. Ela faleceu em 19 janeiro, após complicações decorrentes de leucemia.
Paraíso Tuiuti gritou contra transfobia
“Eu travesti / Estou no cruzo da esquina / Pra enfrentar a chacina / Que assim se faça“, diz trecho do samba-enredo da Paraíso do Tuiuti. A agremiação contou a história da primeira mulher trans documentada no Brasil: Xica Manicongo.
O desfile trouxe característica de Manicongo, como a coragem, mas também as perseguções, julgamentos e proibições de ser livre. Segundo a escola, 26 trans desfilaram, como as deputadas federais Érika Hilton e Duda Salabert, além de ativistas como a fundadora do Movimento Trans Nacional, Jovanna Baby, e a primeira pessoa trans a ocupar o cargo de rainha de bateria no carnaval carioca, Eloina dos Leopardos.
A partir dos 60 min de desfile, a Tuiuti começou a enfrentar problemas com evolução. Devido a grandiosidade das alegorias, o andamento da escola foi prejudicado, o que obrigou os desfilantes dos último setores a correrem para cumprir o tempo regulamentar de 80 min e, assim, não sofrer penalizações.
Homenagens encerraram o Carnaval 2025
Com o enredo “Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”, a Acadêmicos da Grande Rio homenageou o Estado do Pará. As cinco alegorias, três tripés e 3.200 componentes compuseram um desfile que trouxe muitos elementos da natureza, como a pororoca, e culturais, como lendas folclóricas.
A comissão de frente fez menção a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Estado e considerada Rainha da Amazônia. Já o abre alas trouxe personalidades paraenses, como Fafá de Belém e Dira Paes. O desfile também marcou a despedida da atriz Paola Oliveira do posto de rainha de bateria.
Coube a Portela encerrar o Carnaval 2025. A azul e branco de Madureira homenageou Milton Nascimento. O refrão com o nome do cantor fez a Sapucaí explodir.
A agremiação abordou na avenida como Bituca e sua arte tocam as pessoas. Não por acaso, ele veio na última alegoria como o Sol que ilumina, aquece e traz esperança. Referências à composições do cantor e ao Clube da Esquina também estavam presentes.
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