Baixada Fluminense
CPI

Câmara de Itaguaí investiga contratos milionários da Prefeitura

CEP e CPI apuram possíveis irregularidades em obras de limpeza urbana e na gestão da UPA.

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07 de julho de 2025
Sara Oliveira
Câmara de Itaguaí investiga contratos milionários da Prefeitura
Investigações simultâneas marcam novo capítulo na crise política de Itaguaí. (Foto: Câmara Municipal de Itaguaí)

Na manhã da última quinta-feira (3), a Câmara Municipal de Itaguaí instaurou duas frentes de investigação que podem redefinir o cenário político da cidade. Com um discurso contundente do presidente da Casa, vereador Haroldo Jesus (PDT), conhecido como Haroldinho, foram instauradas uma Comissão Especial Processante (CEP) e aprovada a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ambas voltadas à apuração de denúncias de irregularidades em contratos milionários firmados pela Prefeitura.

A CEP foi aberta com base em denúncia da moradora Sueli Pereira da Costa, que aponta pagamentos sem execução de obras em contrato firmado com a empresa L.A. Brasil Locações de Máquinas Ltda. A CPI, por sua vez, parte de denúncia do próprio presidente da Câmara e mira a contratação emergencial de uma organização social para gerir a UPA do município, em um processo suspeito de direcionamento.

A Comissão Especial Processante 001/2025 foi instaurada após aprovação da admissibilidade da denúncia por maioria simples. O foco é o processo licitatório nº 6.973/2021, que gerou um contrato inicial de seis meses para serviços de limpeza e desassoreamento, com valores que ultrapassam R$70 milhões após dez aditivos.

“Consta na denúncia que, de um aditivo de R$7 milhões, apenas R$1 milhão teria sido efetivamente executado. Isso se repete em todos os aditivos. Estamos falando de um rombo de R$ 60 milhões. É uma calamidade”, afirmou Haroldo Jesus da tribuna.

Os vereadores Fabinho Taciano (PP), Adilson Pimpo (PP) e Nando Rodrigues (PDT) foram sorteados para compor a CEP. As funções de presidente, relator e membro ainda serão definidas.

Caso a denúncia seja confirmada, o prefeito poderá ser responsabilizado e ter seu mandato cassado por crime de responsabilidade.

Uma CPI também foi aberta na Câmara de Itaguaí

Na mesma sessão, Haroldo Jesus protocolou requerimento para abertura de uma CPI, também aprovado pela Casa. A comissão irá investigar supostas irregularidades na contratação emergencial de uma organização social para gerir a UPA de Itaguaí, em um contrato de R$22 milhões.

O presidente apontou possíveis falhas como ausência de publicação da lista completa de concorrentes, falta de justificativa técnica para desclassificações e omissão do Conselho Municipal de Saúde. “Estamos diante de um possível direcionamento. Criaram uma calamidade para justificar o emergencial”, disse.

Haroldo também criticou o fechamento temporário da UPA durante a transição entre as gestoras. “Uma UPA fechada por dois dias pode custar vidas. Estão entregando a Saúde a uma empresa sem transparência”, alertou.

Ao final, o parlamentar denunciou ter recebido ameaças por telefone e reagiu com firmeza: “Não tenho medo. Não tenho rabo preso”.

Após exercer a chefia do Executivo interinamente por cinco meses e meio, Haroldo retornou à Câmara no último dia 18 de junho. O atual prefeito, Rubem Vieira (Dr. Rubão), reassumiu o cargo por decisão liminar, apesar de sua candidatura ter sido indeferida pelo TRE-RJ e mantida pelo TSE. O julgamento definitivo do caso ainda aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral, e uma nova eleição suplementar pode ser convocada.


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