A semana começou com um dia especial para os profissionais da contabilidade. Em 22 de setembro de 1945 foi criado o primeiro curso de ciências contábeis do Brasil, o que fez com que esta data ficasse marcada como o Dia Nacional do Contador.
De lá para cá muita coisa mudou, mas a profissão continua com papel de protagonismo em vários setores da sociedade, com importância única para o desenvolvimento do país.
Para lembrar a data, entrevistamos o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro, Rafael Machado. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
1 – No ano que vem o decreto-lei que define as atribuições do contador completa 80 anos. Quais foram os grandes desafios e evoluções da profissão nas últimas décadas?
A contabilidade brasileira passou por profundas transformações. Do tempo em que o contador era visto apenas como responsável por escrituração e cumprimento de obrigações fiscais, avançamos para um papel estratégico, com forte atuação em governança, compliance e análise de dados. O grande desafio foi acompanhar a modernização tecnológica, a internacionalização das normas contábeis e a crescente demanda por transparência, sem perder de vista nossa missão social. Hoje, o contador é peça-chave para orientar decisões em empresas, no setor público e na sociedade.
2 – Estamos aprendendo a lidar com o avanço da Inteligência Artificial. Como os contadores se adaptam com essas tecnologias que surgem a cada dia?
A Inteligência Artificial não substitui o contador, mas potencializa sua atuação. Cabe ao profissional aprender a utilizar essas ferramentas para automatizar rotinas, analisar grandes volumes de dados e gerar insights estratégicos. A adaptação passa pelo investimento contínuo em capacitação, pela abertura ao novo e pela compreensão de que tecnologia é aliada da profissão.
3 – O Sr. acredita que os novos tempos com competências digitais levam à formação de um novo perfil de profissional?
Sem dúvida. O contador do futuro – que já é presente – precisa ser digital, analítico e estratégico. Além do domínio técnico, precisa desenvolver habilidades em ciência de dados, comunicação e gestão de riscos. Esse conjunto de competências forma um perfil multidisciplinar, que vai além da contabilidade tradicional, aproximando o profissional das decisões mais relevantes das organizações.
4 – Como os profissionais devem enfrentar desafios como mudanças em regulamentações fiscais e de compliance?
O caminho é a atualização constante. O Brasil é um dos países com maior complexidade tributária e regulatória, e o profissional contábil deve estar preparado para interpretar mudanças rapidamente. Participar de cursos, seminários, eventos técnicos e utilizar as ferramentas oferecidas pelos Conselhos de Contabilidade são formas de se manter em dia. Além disso, é preciso reforçar a ética e o compromisso com a transparência, que são indispensáveis no compliance.
5 – Pode fazer um balanço dos últimos anos de atuação do CRC-RJ e projetar o futuro?
O CRC-RJ tem atuado de forma intensa para estar próximo dos profissionais, promovendo capacitação, interiorização das ações e ampliando o diálogo com a sociedade. Projetamos um futuro de ainda mais integração, inovação e fortalecimento da classe contábil. Queremos que o Conselho seja um verdadeiro parceiro do contador, oferecendo suporte técnico, tecnológico e institucional para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação.
6 – Três dicas para o contador recém-formado:
Primeiro: nunca pare de estudar – a contabilidade exige atualização permanente.
Segundo: desenvolva habilidades além da técnica, como comunicação, liderança e visão estratégica.
Terceiro: mantenha sempre a ética como guia da sua atuação, pois a confiança é o maior patrimônio que o contador pode construir.
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