Por Juedir Teixeira*
A cidade do Rio de Janeiro, um dos mais emblemáticos centros urbanos do Brasil, enfrenta um complexo conjunto de dificuldades que envolvem as áreas de emprego, educação e criminalidade. A sua economia é majoritariamente baseada no setor terciário, que abrange principalmente o comércio e os serviços, incluindo um rico leque de opções como lojas, hotéis, restaurantes e atividades ligadas ao turismo.
Contudo, essa configuração apresenta um paradoxo: enquanto as oportunidades no setor são abundantes, as exigências de escolaridade e a realidade educacional de muitos jovens nas comunidades carentes os excluem do mercado de trabalho.
Atualmente, a maioria das ofertas de emprego nos setores mencionados demanda, como mínimo, o ensino médio completo. Essa exigência representa um verdadeiro obstáculo para os jovens que residem em regiões menos favorecidas, onde a escassez de instituições de ensino público é alarmante.
Um exemplo gritante dessa realidade pode ser visto em Jacarepaguá, um bairro que abriga mais de 600 mil habitantes, onde existem apenas duas escolas públicas de ensino médio. Tal lacuna educacional empurra os jovens a abandonarem seus estudos, após completarem o ensino fundamental, devido à falta de alternativas acessíveis, tornando-os vulneráveis a se envolver em atividades ilícitas como uma forma de garantir a renda para suas famílias.
O envolvimento de jovens com o crime organizado não é apenas uma escolha individual, mas muitas vezes uma questão de sobrevivência. Sem educação, sem acesso a oportunidades de trabalho e sem uma rede de apoio, muitos acabam vendo no crime a única alternativa viável para a geração de renda. Assim, abordar a redução da criminalidade de forma eficaz requer, necessariamente, um foco na melhoria da educação. É imprescindível a implementação de escolas de ensino médio, com um currículo que inclua formação profissionalizante, nas comunidades menos favorecidas, alinhado com a demanda do mercado de trabalho local.
Adicionalmente, estudos demonstram que aproximadamente 80% das evasões escolares provêm de crianças que não tiveram acesso à educação formal até os 7 anos. Esse é um período crítico na formação do hábito de estudo. Portanto, garantir que as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade desde a creche até o ensino médio é essencial para mudar essas estatísticas. As comunidades carentes precisam ser dotadas de uma infraestrutura educacional que atenda a um padrão mínimo de qualidade, possibilitando que todos os jovens tenham uma chance real de sucesso acadêmico e profissional.
Os benefícios de se investir em educação vão muito além dos sucessos individuais. Essencialmente, a melhoria nas condições educacionais pode levar à diminuição dos gastos públicos com segurança a médio e longo prazo, justificando plenamente qualquer esforço nesse sentido. Um jovem educado tem maiores chances de contribuir positivamente para a sociedade, se tornando um agente de mudança em sua comunidade.
O ano de 2026, marcado por uma temporada eleitoral, oferece uma oportunidade valiosa para debater essas questões. Candidatos e formadores de opinião devem estar atentos a esse tema central e emergente, que não só afeta a vida de milhares de jovens, mas também determina o futuro de nossa sociedade. Agora é o momento ideal para que a educação seja colocada no centro das discussões políticas, propondo soluções que possam transformar a realidade das comunidades mais vulneráveis.
Propostas de Ação para Minimizar o Impacto da Criminalidade nas Comunidades Carentes:
Fomento à Cultura do Voluntariado: Incentivar a participação da comunidade e de jovens em projetos sociais que promovam a solidariedade e a construção de um futuro melhor.
Com um comprometimento genuíno e ações assertivas por parte dos governantes, da sociedade civil e das instituições educacionais, podemos transformar o cenário atual, revertendo o ciclo vicioso que afeta as comunidades carentes do Rio de Janeiro e, consequentemente, reduzindo a criminalidade e promovendo um futuro mais claro e promissor para nossos jovens.
- Criação de Escolas Técnicas e Profissionalizantes: Estabelecer instituições que ofereçam cursos relacionados às demandas do mercado local.
- Programas de Bolsa para o Ensino Superior: Incentivos para que jovens de comunidades carentes possam continuar seus estudos em universidades.
- Parcerias com Empresas Locais: Incentivar a criação de estágios e programas de aprendizagem em setores que estão em alta na área.
- Capacitação de Professores: Oferecer treinamentos continuados para a capacitação de educadores, aumentando a qualidade do ensino.
- Ampliação do Acesso à Educação Infantil: Criar mais vagas em creches e pré-escolas, assegurando o acesso educacional desde os primeiros anos de vida.
- Oficinas Culturais e Esportivas: Implementar programas culturais e esportivos que mantenham os jovens ocupados e engajados em atividades saudáveis e produtivas.
- Uso da Tecnologia na Educação: Integrar tecnologias digitais nas salas de aula para tornar o aprendizado mais atrativo e acessível.
- Centros de Apoio Psicossocial: Fornecer suporte psicológico e social para jovens e suas famílias, ajudando-os a superar desafios e traumas.
- Campanhas de Conscientização: Educar as comunidades sobre a importância da educação e as consequências do envolvimento com o crime.
- Fomento à Cultura do Voluntariado: Incentivar a participação da comunidade e de jovens em projetos sociais que promovam a solidariedade e a construção de um futuro melhor.
Com um comprometimento genuíno e ações assertivas por parte dos governantes, da sociedade civil e das instituições educacionais, podemos transformar o cenário atual, revertendo o ciclo vicioso que afeta as comunidades carentes do Rio de Janeiro e, consequentemente, reduzindo a criminalidade e promovendo um futuro mais claro e promissor para nossos jovens.

Juedir Teixeira é CEO da JTB Consultoria e Presidente do Conselho de Varejo da ACRJ
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