25 de setembro. Dia de celebrar o aniversário da cidade caçulinha do nosso querido estado. Apesar de seus “poucos” 23 anos de emancipação política, a graciosa Mesquita, na Baixada Fluminense, tem muita história para contar. De capítulos bem anteriores ao processo de separação de Nova Iguaçu, à beira do BUG do milênio, em 1999.
A Mesquita do passado, ainda sem o nome atual, era local de muitos mananciais de água que desciam do Maciço do Gericinó. Essa abundância formava belas cachoeiras que se encontravam com florestas de flora e fauna riquíssimas. Antes da chegada dos europeus habitavam o local indígenas apelidados pelos recém-chegados de jacutingas.
Eles resistiam ao processo de colonização e acabaram extintos. A única lembrança que se tem daquele povo nativo é o bairro de Jacutinga, no município de Mesquita.
Na segunda metade do século XIX o Grande Rio começava a ser cortado por linhas férreas necessárias por conta da expansão do transporte ferroviário que tinha o objetivo de ligar a então sede do império com estados como Minas Gerais e São Paulo.
A Baixada Fluminense recebeu, então, a construção de várias estações das linhas férreas. Uma delas, chamada originalmente de José de Mesquita e depois de Barão de Mesquita, foi inaugurada em 1884. Vem daí a origem do nome da cidade.
E quem era Barão de Mesquita?
Jerônimo José Mesquita, empresário e proprietário de fazendas na região onde hoje situa-se o município, foi diretor do Banco do Brasil e presidiu a Associação Comercial do Rio de Janeiro entre 1860 e 1861.
Como era proprietário de fazendas naquela região, José Mesquita tinha muito interesse na chegada da linha férrea, que traria desenvolvimento e ele trabalhou para o fato que aconteceria em 1884.
Já no século XX a paisagem de Mesquita sofre alterações. Primeiramente pela quantidade de plantações de laranja e posteriormente, com a decadência desta cultura, com a venda de chácaras e formações dos primeiros loteamentos.
Para efeito de comparação, a população que era de cerca de 9.000 em 1940 passa para quase 30.000 em 1950. A instalação de fábricas e metalúrgicas acabam por dar à região o desenvolvimento necessário para uma emancipação.
A emancipação
No fim da primeira metade do século XX se intensificou o movimento de emancipação política de municípios vizinhos de Mesquita, como Nilópolis e São João de Meriti. Logo, era natural que a caçulinha seguisse pelo mesmo caminho. Mas o que aconteceu?
A história conta que o primeiro movimento de emancipação surgiu em 1957 na sede do Sete de Setembro, antigo clube de futebol da região. Um fato curioso, no entanto, interromperia o movimento.
De acordo com relatos da historiadora Maria Fátima de Souza Silva, em 1962 os documentos do processo de emancipação encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e ao Palácio do Governo do Estado desapareceram. Eis o mistério.
O fato é que aquele movimento não era uma unanimidade em Mesquita. Políticos como o primeiro prefeito da cidade, José Montes Paixão, eram contra a separação.
Em 6 de setembro de 1987 viria a segunda tentativa de emancipação. Foi feito um plebiscito para consultar a população sobre a intenção de separar o distrito de Nova Iguaçu. No entanto, apenas 18% da população compareceu e a ideia foi por água abaixo. A falta de quórum atrapalharia um novo plebiscito, em 1993.
O terceiro plebiscito, em 1995, é mais um capítulo cheio de mistérios e confusões. Apesar da contagem de 70 mil pessoas dizendo sim, a aprovação não foi para frente por alegação de que o número não alcançou o quórum mínimo. Mistério, confusão e acusação de fraudes. Já viram este filme?
A consequência deste confuso último plebiscito foi uma campanha para provar que a região já estava emancipada. O Comitê Pró-Emancipação passou quatro anos brigando e em 1999, após um trâmite judicial, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela emancipação do quarto distrito de Nova Iguaçu. Em 25 de setembro de 1999 o então governador Anthony Garotinho sancionou a lei que criou o município de Mesquita.