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Semana de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua na Alerj

A cerimônia de abertura da Semana de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua aconteceu nesta segunda-feira (13).

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15 de maio de 2024
Sara Oliveira
Semana de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua na Alerj
Semana de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua contou com apresentação musical

Para iniciar a Semana Estadual de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua, a Frente Parlamentar pela Humanização e Atenção dos Atendimentos nos Serviços Públicos em Geral, da ALERJ, promoveu, nesta segunda-feira (13), uma cerimônia de abertura que contou com a apresentação do Coral Uma Só Voz e diversas autoridades.

Criada pela Lei Estadual 8.471/19, a Semana Estadual de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua tem como objetivo promover diversas ações para reflexão, conscientização e debates sobre o tema.

No Brasil, mais de 215 mil pessoas se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social vivendo nas ruas. Só no Estado do Rio, mais de 20 mil pessoas pertencem a essa estatística. A fim de entender melhor o funcionamento da rede de atenção à população em situação de rua, o coordenador da Frente, deputado Danniel Librelon (REP), disse que diversas visitas a locais que realizam o atendimento dessas pessoas serão feitas ao longo da semana.

“É urgente a elaboração de políticas públicas que deem visibilidade para essa parte da população. Essas pessoas são tratadas como invisíveis, mais na realidade o ser humano que está cego por não enxergar a realidade, em que muitas pessoas têm a rua como moradia. Essa frente tem o objetivo de levar humanização a essas pessoas e nós queremos deixar esse legado na Assembleia Legislativa”, disse o parlamentar.

Durante a solenidade, a desembargadora Renata França apresentou o trabalho do Centro de Atendimento Integrado às Pessoas em Situação de Rua (Cipop), do qual também é coordenadora. Inaugurado em abril deste ano, o projeto está localizado na estação Central do Brasil e reúne em um só local diversos serviços prestados pelo Judiciário fluminense e órgãos federais, estaduais e municipais, como registro civil, inscrição em programas sociais, rede de moradia, entre outros.

“Não adianta cada um trabalhar isoladamente e autonomamente. Se a Assistência Social, a Educação, a Saúde, a Habitação e outras áreas não estiverem juntas para enfrentar esse problema, a gente não vai conseguir um bom resultado. O Cipop está localizado em lugar central, onde já existe o restaurante popular e local em que vai existir o hotel popular, pois essa região apresenta a maior quantidade de pessoas em situação de rua no Rio, de acordo com o Censo de 2002. Nesses primeiros meses, focamos nas emissões de documentos para que esses cidadãos possam existir juridicamente e ter cidadania, e a partir daí buscar emprego e moradia, direitos assistenciais e trabalhistas”, explicou França.

Já a superintendente de Programas Habitacionais e Reformas da Secretaria Estadual de Habitação de Interesse Social (SEHIS), Ana Paula Rosalino, disse que já existe um projeto de habitação destinado a pessoas em situação de rua, mas que ainda precisa de regulamentação. Ela ressaltou que é necessário que todos os órgãos estejam integrados para que essas pessoas consigam viver com dignidade.

“A gente precisa pensar em uma forma de conseguir, de fato, ter uma porta de saída das ruas. Então, nós pensamos no Programa Housing First (Habitação Primeiro, em português), um modelo focado em moradias individualizadas e serviços de suporte para a população em situação de rua que tem uma eficácia de mais de 84% em outros países”, diz Ana Paula Rosalino.

“Ainda há algumas regulamentações para serem feitas no programa, mas nós estamos participando do Comitê da População em Situação de Rua, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, e pretendemos formular um Plano Estadual em que cada órgão tenha suas responsabilidades”, completa a superintendente.

Semana de Visibilidade das Pessoas em Situação de Rua contou com apresentação musical

A sessão solene contou com a apresentação do Coral Uma Só Voz, composto por pessoas em situação de rua. O projeto With One Voice surgiu em Londres, durante os Jogos Olímpicos de 2012, e foi trazido para a Olimpíada do Rio, em 2016, com o objetivo de capacitar e fortalecer a população de rua de diferentes lugares do mundo. Os ensaios acontecem semanalmente no Museu do Amanhã.

De acordo com o maestro Ricardo Branco, mais de duas mil pessoas já participaram do projeto. “Essa ideia é Incrível porque, muitas vezes, esse pessoal começa a achar que a vida deles não faz mais sentido. Então, quando vão para dentro do Museu da Manhã para ensaiar toda semana, ir a uma apresentação para serem aplaudidos e admirados, a autoestima é resgatada”, pontuou Branco.

Uma das integrantes do coral é Daniela Del Rossi, que viveu por três anos em situação de rua. Ela relatou que o maior desejo de quem vive na rua é ter oportunidades reais de sair dessa condição. 

“Não é só comida, um calçado, uma roupa, uma água, um café que a gente quer. A vontade é de voltar ao mercado de trabalho, de ter uma vida digna, de voltar a viver sem preconceito. A gente precisa de um olhar diferenciado porque são muitas as necessidades”, comentou.

Também participaram da cerimônia o vice-coordenador da frente, deputado Marcelo Dino (União); a juíza Raquel Christino; a defensora pública Cristiane Xavier; a presidente da Fundação Leão XIII, Luciana Calaça; e o assistente social da Prefeitura do Rio, Marcelo Jaccoud.


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