Angra 3: impasses, apostas e os caminhos para a retomada do projeto nuclear brasileiro. (Foto: reprodução do site da Eletronuclear)
Após décadas de idas e vindas, a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 volta ao centro do debate energético brasileiro. No entanto, apesar da pressão de especialistas e da Frente Parlamentar Nuclear, o governo federal ainda não apresentou uma proposta clara para destravar o projeto. A indefinição gera apreensão diante do risco iminente de colapso financeiro da Eletronuclear, empresa responsável pela operação das usinas.
Em nota, o secretário da Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar (Seenemar), Cássio Coelho, destacou a importância da conclusão do empreendimento. “A usina nuclear Angra 3 já recebeu investimentos bilionários, além de ser uma fonte estratégica de energia limpa, impulsionando a descarbonização energética no mundo. A conclusão do projeto de Angra 3 trará benefícios diretos para a economia da população, do nosso estado e do Brasil, sobretudo do ponto de vista do desenvolvimento econômico. Por essas razões, reafirmo que nós da Secretaria de Energia e Economia do Mar, liderados pelo governador Cláudio Castro, reforçamos a importância desse projeto grandioso que será o retorno imediato das obras de Angra 3”, afirmou.
O superintendente de Portos, Terminais e Assuntos Nucleares da Seenemar, João Leal, também defendeu a continuidade das obras. “A coordenação estadual para o setor através da Seenemar e da minha coordenadoria, que é a única do Brasil, contribui para a melhor interlocução e impulso ao setor, visto que o parque fabril Nuclear está no RJ”, ressaltou.
Em entrevista exclusiva ao Conexão Fluminense, o deputado federal Julio Lopes, presidente da Frente Parlamentar Nuclear na Câmara dos Deputados, foi enfático: “Infelizmente, não há nem um comentário a se fazer sobre a proposta do governo, porque o governo não tem proposta. Essa é a questão grave. Precisamos urgentemente de um prazo determinado para a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que até agora não foi marcada.”
O parlamentar alerta para a gravidade da situação: “Estamos diante de um risco enorme de quebra da Eletronuclear, o que seria inaceitável. Isso poderá gerar responsabilidades junto ao Tribunal de Contas da União e em outras instâncias.”
Para Lopes, a conclusão de Angra 3 é vital do ponto de vista econômico e estratégico: “Angra 3 faz sentido sob todas as perspectivas. Qualquer um que conheça o contexto sabe da enorme vantagem econômica e energética. A térmica de Angra 3 dará ao sistema energético brasileiro uma estrutura de estabilidade fundamental, especialmente considerando a intermitência das fontes solar e eólica.”
Na questão do financiamento, o deputado afirma que há caminho viável: “O financiamento está definido pelo BNDES, em modelo de project finance baseado na recuperação do investimento através da energia gerada”.
Sobre a exploração de minérios radioativos, outro ponto crítico, Lopes defende a ampliação da autonomia do Brasil na cadeia de produção nuclear: “O Brasil tem uma reserva extraordinária de urânio. São mais de 306 mil toneladas cubadas, o que representa mais de 60 bilhões de dólares em reservas. Podemos nos tornar um grande player global de urânio, e isso ajudaria enormemente no combate à pobreza e no desenvolvimento do país.”
O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Henrique Silva Seixas, assegurou que a condição física dos equipamentos e estruturas de Angra 3 está preservada.
“Cerca de 68% dos equipamentos já estão prontos e mantidos em condições adequadas, com inspeções mensais feitas pela NUCLEP e IBQN. Não há risco de obsolescência tecnológica, pois são peças de caldeiraria pesada, que não sofrem alterações tecnológicas”, explicou.
Seixas também alertou para o impacto negativo no setor nuclear caso a obra não seja concluída. “O mundo inteiro está retomando programas nucleares como fonte limpa de energia. Se abandonarmos Angra 3, estaremos indo na contramão da história, enterrando parte do programa nuclear brasileiro”, afirmou.
Segundo o presidente da ABEN, o custo para terminar a usina (cerca de R$23 bilhões) é praticamente equivalente ao prejuízo de abandonar a estrutura atual (R$21 bilhões), o que reforça o argumento a favor da conclusão.
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