O abandono de Angra 3 joga para o lixo R$ 1 bi por ano.
*Por Marcos Luz
Nos últimos meses o setor energético brasileiro voltou os olhos para um assunto que se arrasta por décadas, como um daqueles problemas crônicos difíceis de serem solucionados. A retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, no Sul Fluminense.
Apontada como um projeto estratégico para o desenvolvimento do país e com inúmeros benefícios para o estado do Rio, a usina teve suas obras paralisadas diversas vezes desde o início da construção, em 1980.
Esse cenário troca um marco de oportunidades em termos de segurança energética, desenvolvimento econômico, sustentabilidade e geração de empregos pelo gasto de R$ 1 bi por ano. Sim! As obras paradas custam R$ 1 bilhão aos cofres públicos por ano.
Diante de tal impasse que não nos leva a lugar nenhum, temos no Congresso Nacional a Frente Parlamentar Mista da Tecnologia e Atividades Nucleares (FPN), sob a coordenação do deputado Federal Julio Lopes.
O problema é que este parlamentar que toca o trabalho incansavelmente parece ser uma só andorinha em meio aos outros dezenove deputados e um senador que fazem parte do grupo de discussão. Parece que a grande maioria está de vendas nos olhos em relação ao futuro energético do país, ainda mais em tempos de condições climáticas cada vez mais severas
O Brasil depende fortemente de fontes hidrelétricas para a geração de energia. Embora renovável, essa matriz apresenta vulnerabilidades crescentes diante das mudanças climáticas e da variabilidade do regime de chuvas.
Em anos de seca, o país é forçado a acionar termelétricas a combustíveis fósseis, o que eleva o custo da energia e aumenta as emissões de gases de efeito estufa. Nesse contexto, a energia nuclear surge como uma opção segura, estável e de base, capaz de fornecer eletricidade de forma contínua, independentemente de condições climáticas.
Enquanto na esfera federal a morosidade faz com que tudo seja discutido e rediscutido, sem medidas práticas, na esfera estadual pinçamos bons trabalhos como o realizado pela Secretaria de Energia e Economia do Mar (Seenemar-RJ), na figura do secretário Cássio Coelho e do Superintendente de Portos, Terminais e Assuntos Nucleares, João Leal. Mas remar contra a maré não é fácil.
Com capacidade prevista de 1.405 megawatts, Angra 3 poderia abastecer cerca de 3 milhões de residências. A entrada dessa usina no sistema nacional reforçaria a estabilidade da matriz elétrica brasileira, reduzindo o risco de apagões e a dependência de fontes menos sustentáveis em momentos de crise hídrica.
É claro que falar de energia renovável é pensar em energia solar e eólica, mas é preciso se atentar a um fato: o sol não brilha à noite e o vento nem sempre sopra. Por isso, a complementaridade entre renováveis e energia nuclear é essencial.
A usina de Angra 3 poderia funcionar como uma “espinha dorsal” para o sistema, fornecendo base energética estável que permita maior penetração das renováveis na matriz elétrica, sem comprometer a confiabilidade do sistema.
A paralisação prolongada de Angra 3 tem imposto prejuízos bilionários aos cofres públicos. Estima-se que mais de R$ 11 bilhões já tenham sido investidos no projeto, sem retorno efetivo em geração de energia. Equipamentos caríssimos permanecem armazenados há décadas, com risco de deterioração. Além disso, o custo de retomada aumenta a cada ano parado, tanto por fatores inflacionários quanto pela necessidade de adequação às novas exigências técnicas e normativas.
A retomada das obras de Angra 3 também representa uma oportunidade significativa para a geração de empregos e a dinamização da economia local. Segundo estimativas da Eletronuclear, mais de 7 mil empregos diretos e indiretos podem ser criados durante a fase de construção. Após a conclusão, centenas de postos permanentes serão mantidos para operação e manutenção da usina.
Além do impacto direto na criação de empregos, a retomada da obra estimula cadeias produtivas nacionais, especialmente nos setores de engenharia, metalurgia, transporte e serviços especializados. A presença de uma usina nuclear também implica investimento contínuo em segurança, educação técnica e infraestrutura regional, gerando um círculo virtuoso de desenvolvimento.
A conclusão de Angra 3 não é apenas uma decisão técnica ou financeira: é uma escolha estratégica de soberania energética, desenvolvimento sustentável e responsabilidade com os recursos públicos já investidos.
Diante da crescente demanda por energia limpa, confiável e acessível, o Brasil não pode mais adiar a retomada de um projeto que tem potencial para transformar positivamente sua matriz elétrica, sua economia e seu futuro energético. A hora de agir é agora.
*O empresário Marcos Luz é presidente do Conexão Fluminense
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