Hoje, um único município concentra quase metade das riquezas do estado do Rio de Janeiro. É o caso da capital, cuja participação no PIB estadual chega a 49%, uma realidade que põe em xeque o desenvolvimento do próprio estado. Fato é que, com seus 92 municípios, o estado do Rio só vai se tornar economicamente forte, quando aproveitarmos o potencial de cada região. Nenhum município, atuando isoladamente, tem forças. Porém, juntos conseguem transformar sua região e o estado.
No Sul Fluminense, temos o cluster industrial automotivo, um modelo de gestão que explora a vocação regional no setor de fabricação de automóveis e autopeças, agregando valor à produção e gerando oportunidades de emprego e renda. O cluster foi criado em 2013 pela iniciativa privada, com apoio da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), e aproveitou a disponibilidade de know-how, mão-de-obra especializada, fornecedores e universidades, que vinham se desenvolvendo localmente desde os anos 90.
A verdade é que o conceito do cluster não é novo, mas ele se popularizou no século 21. São agrupamentos de empresas com características semelhantes, concentradas geograficamente numa mesma região e colaborando umas com as outras, a fim de buscar maior eficiência produtiva. As universidades e instituições científicas também integram esse ambiente.
Segundo maior cluster do país
No início de abril, estive reunido com executivos do Cluster Automotivo Sul Fluminense para conhecer mais sobre as inovações, o potencial e os entraves do segmento. O cluster é o segundo maior do país, concentrando 23 empresas associadas, entre montadoras e fornecedores, instaladas em Resende, Porto Real e Itatiaia. São gerados cerca de 25 mil empregos diretos.
Ao longo dos anos, surgiram muitos problemas por falta de políticas públicas nas áreas de infraestrutura viária, de energia e de transportes. Hoje, um dos principais desafios do cluster é conseguir investimentos do governo do estado para obras de infraestrutura viária, a fim de reduzir os custos industriais e melhorar a segurança dos trabalhadores. Tem ainda a questão tributária por conta do atraso e, muitas vezes, da falta de repasse dos créditos de ICMS decorrentes de incentivos gerados pela Lei Kandir.
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“Hoje, um dos principais desafios do cluster é conseguir investimentos do governo do estado para obras de infraestrutura viária, a fim de reduzir os custos industriais e melhorar a segurança dos trabalhadores.”
Paulo Ganime, deputado federal
Infelizmente, essas questões não são exclusivas dessa região, uma vez que as autoridades se envolvem mais com demandas da capital e esquecem que o interior tem suas riquezas e complementa a força do estado. Nossas riquezas estão no “Corredor da Laranja”, localizado em Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim e Casimiro de Abreu; na produção de óleo e gás e o Porto do Açu, no norte fluminense; moda e metalurgia, em Nova Friburgo; cervejas artesanais, na serra; café e leite, no noroeste; além das indústrias do polo de Santa Cruz e do polo de Rio das Ostras.
Buscar a vocação de cada região é o caminho para levar desenvolvimento a todo o estado, investindo em políticas públicas para reduzir as mazelas econômicas e sociais locais, criar oportunidades de emprego e renda e melhorar a qualidade de vida da população. A força do estado do Rio não é a capital, mas todos os seus 92 municípios juntos.
*Paulo Ganime é deputado federal pelo Partido NOVO-RJ.