A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (27), uma audiência pública para discutir a continuidade das obras da usina nuclear Angra 3. A reunião foi solicitada pelo deputado Julio Lopes (PP), presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Energia Nuclear, que defendeu a retomada imediata do projeto como medida essencial para a segurança energética do Brasil.
Durante sua fala, o parlamentar destacou que mais de 63% da obra já está concluída, e que a paralisação do projeto representa um prejuízo significativo ao país. Segundo ele, a continuidade de Angra 3 deve ser tratada como prioridade nacional. “A interrupção dessa usina é um crime contra a economia e o sistema elétrico brasileiro”, afirmou.
Lopes comparou o caso brasileiro ao da Argentina, que concluiu uma usina similar em apenas três anos, após duas décadas de paralisação. “Eles têm uma usina da metade do tamanho da nossa, e conseguiram finalizar a obra. Precisamos seguir esse exemplo pelo bem da nossa economia”, argumentou.
Angra 3 terá capacidade de geração de 1.400 megawatts, tornando-se a terceira maior usina nuclear do Brasil. Estima-se que já tenham sido investidos cerca de R$ 11 bilhões no empreendimento. Para o deputado, é fundamental que o governo esclareça o cronograma, os custos atualizados, o modelo de financiamento e os impactos da retomada no setor elétrico.
A audiência contou com a presença do superintendente de Portos, Terminais e Assuntos Nucleares da Secretaria de Energia e Economia do Mar do Estado do Rio de Janeiro, João Leal, que discursou à mesa durante o evento.
Há necessidade de se pautar urgentemente no CNPE a reflexão quanto a criação de uma governança de médio longo prazo no poder executivo federal e a importância do empreendimento para o Estado do Rio sob o ponto de vista de geração de empregos e aumento da arrecadação”.
Durante a audiência pública, Julio Lopes destacou os custos indiretos da paralisação
Além da questão energética, Lopes também chamou atenção para os custos indiretos da paralisação. Segundo ele, aproximadamente 600 servidores contratados por concurso para operar Angra 3 estão sendo pagos com recursos das usinas Angra 1 e 2, que já são operacionais e rentáveis. Essa situação, segundo o parlamentar, onera desnecessariamente o sistema nuclear brasileiro.
Ainda de acordo com o deputado Julio Lopes, a ausência de decisões claras sobre o futuro da obra preocupa. Na última reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não concluiu a sessão nem marcou nova data para continuidade da pauta. Enquanto isso, equipamentos adquiridos para Angra 3 seguem armazenados, gerando um custo estimado de R$100 milhões por mês.
A audiência pública reuniu parlamentares e especialistas do setor energético, e reforçou a urgência de um posicionamento do governo federal sobre o futuro de Angra 3. Para os defensores da retomada, a conclusão da obra é estratégica para garantir estabilidade no fornecimento de energia e mitigar riscos futuros de abastecimento no país.
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