Capital
Eletroavenida das Américas

Barra da Tijuca tem quase metade das estações de recarga de elétricos

Estudo da Universidade Veiga de Almeida revela disparidades na infraestrutura de eletropostos no Rio de Janeiro.

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02 de julho de 2024
Sara Oliveira
Barra da Tijuca tem quase metade das estações de recarga de elétricos
Estudo da Universidade Veiga de Almeida revela disparidades na infraestrutura de eletropostos no Rio de Janeiro (Foto de banco de imagem)

O bairro da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital fluminense, concentra 46% dos eletropostos do Rio de Janeiro, revela um levantamento inédito realizado por pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

O estudo revela uma desigualdade na infraestrutura de estações para recarga de carros elétricos e híbridos plug-in no município: enquanto 125 bairros não possuem nenhum eletroposto, a Barra da Tijuca conta com 114 dos 250 pontos de recarga públicos e privados da capital. Os pesquisadores utilizaram dados do aplicativo internacional PlugShare, uma ferramenta comunitária que permite aos motoristas localizarem estações de recarga de veículos elétricos. As informações foram coletadas no final de abril.

O trecho entre a Barra e o Recreio dos Bandeirantes, na Avenida das Américas, tem 36 eletropostos, destacando-se como a via com o maior número de estações de recarga em todo o estado do Rio de Janeiro, superando importantes rodovias federais como a BR-101 (Rodovia Rio-Santos), com 21, e a RJ-116, com 19.

“Embora a Barra da Tijuca possua apenas 0,38% da área total do estado, o bairro concentra 29% dos eletropostos disponíveis em terras fluminenses. Esse cenário está praticamente criando a ‘Eletroavenida das Américas’. Na ausência de políticas públicas que ofereçam incentivos fiscais ou subsídios para a instalação de eletropostos, prevalecem os investimentos privados em regiões com alto poder econômico e grande circulação de veículos”, explica Ricardo Soares, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e líder da pesquisa.

Cultura automobilística da Barra da Tijuca

A concentração de estações de recargas na Barra, avalia Soares, reflete a cultura automobilística do bairro, onde os moradores estão acostumados a percorrer grandes distâncias devido ao modelo de urbanização historicamente desenvolvido. Para o especialista, a facilidade de instalação dessas estruturas em novos e modernos edifícios, como estacionamentos de shoppings, centros comerciais, supermercados e escritórios inteligentes, também contribui para esse cenário.

Entre os dez bairros com maior número de eletropostos, a predominância é da Zona Oeste, com Barra da Tijuca, Barra Olímpica, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes liderando. Em seguida, estão os bairros da Zona Sul, como Botafogo, Copacabana e Leblon, a Zona Norte, com Ilha do Governador e Tijuca, e o Centro.

Segundo Rafaela Naegelle, pesquisadora da UVA e uma das autoras do estudo, a desigualdade na distribuição dos eletropostos limita o acesso à recarga em muitas áreas da cidade e agrava os problemas ambientais. “A expansão da rede de recarga é crucial não apenas para suportar o crescimento da frota de veículos elétricos, acelerada pela maior oferta de montadoras chinesas no Brasil, mas também para incentivar a adoção de tecnologias mais sustentáveis e reduzir a dependência de combustíveis fósseis,” completa.

Para Pablo Vimercati Simas, pesquisador da UVA e coautor da pesquisa, a falta de estações de recarga nos demais bairros do Rio de Janeiro representa um desafio significativo. “Expandir a infraestrutura de eletropostos em bairros carentes dessa infraestrutura exige estratégias bem definidas. Parcerias entre o governo e empresas privadas, por meio de incentivos fiscais e subsídios, são fundamentais, inclusive com a participação de empresas de energia, que aproveitem a infraestrutura existente para facilitar a instalação de novos eletropostos”, destaca Simas.

Os pesquisadores da UVA sugerem que o uso de infraestruturas existentes, como postos de gasolina, escolas, hospitais e centros comunitários, pode ser uma maneira eficaz de ampliar a rede de recarga sem a necessidade de construir novos locais. Além disso, defendem que a prefeitura do Rio de Janeiro poderia criar um cadastro oficial dos eletropostos existentes na cidade, mapeando-os de forma atualizada.

“Essa medida aumentaria a transparência e ajudaria no planejamento da expansão da rede de recarga. Incentivar a eletromobilidade é uma estratégia eficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar e cumprir metas ambientais. Adotando essas medidas, o Rio de Janeiro tem a oportunidade de se tornar um modelo para outras cidades brasileiras, liderando a transição para um futuro mais sustentável e limpo” finaliza Ricardo Soares.


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