Leste Fluminense
Preservação

Base de dados sobre a fauna e flora de Maricá é ampliada

Formações em Ciência Cidadã, realizadas pelo Projeto UÇÁ na cidade, contribuíram com o aumento de registros.

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30 de julho de 2024
Sara Oliveira
Base de dados sobre a fauna e flora de Maricá é ampliada
Formações em Ciência Cidadã, realizadas pelo Projeto UÇÁ em Maricá, contribuíram com o aumento de registros (Foto: Vinícius Manhães)

A cidade de Maricá, no Leste Fluminense, vê crescimento expressivo na base de dados de biodiversidade local: o aplicativo iNaturalist, que conecta naturalistas e cidadãos interessados em mapear a fauna e flora global, recebeu um aumento significativo de informações sobre espécies da região nos últimos dois anos.

Em 2022, o Projeto UÇÁ, da ONG Guardiões do Mar, com apoio da Petrobras, registrou 96 observações. Já em 2024, o número subiu para 1400, impulsionado pelas formações em Ciência Cidadã, que têm engajado a comunidade local na documentação da biodiversidade.

Por meio de formações em Ciência Cidadã, os interessados são incentivados a contribuir com pesquisas, mesmo não sendo um cientista ou pesquisador. Iniciativas nesse âmbito potencializam a atuação e resultados mediante a participação voluntária do público em etapas como a coleta de dados, análise de resultados e a própria escrita de relatórios e artigos científicos.

Ao longo de dois anos, o Projeto UÇÁ realizou 5 formações em Ciência Cidadã, em Maricá, com a ajuda de parceiros. A formação, que possibilita aos inscritos conhecerem mais sobre uma Unidade de Conservação Costeira, é dividida entre aulas práticas e teóricas.

Dentre as ferramentas utilizadas, usa-se o iNaturalist como um exemplo prático. Para nortear boas experiências, são passadas orientações sobre as formas de registros no aplicativo, configuração do perfil, comportamento ético durante as observações, importância da qualidade das capturas e marcação exata do local, data e hora. Orienta-se também quanto a realização do upload, que pode ser feito em tempo real ou posteriormente, se estiverem offline. Em campo, é feita uma demonstração da coleta de dados e envio.

Os biólogos do Projeto UÇÁ comemoram o aumento de registros. “Por meio do aplicativo compartilha-se fotos, áudios, vídeos e observações, fazendo com que seja possível a identificação e mapeamento das espécies, o que é fundamental para o monitoramento de populações, identificação de padrões de comportamento, migração e distribuição. Esses dados contribuem para o avanço do conhecimento científico e, sobretudo, fornecem embasamento às políticas de conservação, promovendo o envolvimento público na ciência e proteção da biodiversidade”, explica a bióloga e educadora ambiental do Projeto, Rafaela de Sá Coelho.

Uma das espécies registradas é a perereca-comedora-de-fruta (Xenohyla truncata), endêmica de restingas do sudeste brasileiro, considerado o único anfíbio comedor de frutas. Essa espécie é classificada como ‘Vulnerável’ pelo Ministério do Meio Ambiente e ‘Quase ameaçada’ pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“Estudos recentes vem apontando que a perereca-comedora-de-fruta é possivelmente o único anfíbio do mundo capaz de realizar polinização e é apenas encontrada na Mata Atlântica brasileira”, destaca o biólogo Marlon Modesto.

“Esperamos, por meio das formações em Ciência Cidadã, sensibilizar e despertar o interesse do público em geral para a colaboração com a ciência, por meio da participação voluntária em projetos. Desejamos também contribuir para a valorização de pesquisas científicas e para o exercício de um olhar mais atento ao que podemos encontrar na natureza”, conta a coordenadora de Educação Ambiental do Projeto UÇÁ, Larissa Paiva.

Base de dados é colaborativa

Todos os interessados estão convidados a colaborar com o perfil do projeto UÇÁ no aplicativo e ajudar a aumentar ainda mais a quantidade de registros na região. Não é necessário ter participado da formação em Ciência Cidadã para contribuir. Basta baixar o aplicativo iNaturalist, se cadastrar e enviar os dados, neste link.


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