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Coluna

Gestão no Brasil: o grande desafio

No texto de estreia da coluna Conexão Empresarial, Juedir Teixeira joga luz sobre um dos grandes desafios da gestão empresarial

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19 de março de 2024
Gestão no Brasil: o grande desafio
Gestão pública e empresarial têm suas diferenças, mas ambas são essenciais.

Por Juedir Teixeira*

No Brasil muito se fala da ineficiência da gestão público, com o que todos nós concordamos. Mas a baixa maturidade de gestão não está somente na gestão pública. Na iniciativa privada também. Basta analisar o que está acontecendo com as grandes empresas varejistas brasileiras, em que a Americanas é o maior exemplo, mas quantas grandes empresas tem fechadas as suas portas nos últimos anos ou entrado com pedido de recuperação judicial nos últimos meses: Tok Stok, Saraiva, Amaro, Cervejaria Petrópolis, Livraria Cultura, Grupo João Santos, Etna, South Rock e muitas outras.

O número de pedidos de recuperação judicial atingiu o maior patamar nos últimos cinco anos. Segundo estudo da Serasa Experian, em 2023 foram 1.405 requerimentos ingressados na justiça, um aumento de 68,7% em relação a 2022. Além dos pedidos de recuperação já efetivados quantas outras empresas estão passando por sérias dificuldades, cujas notícias são divulgadas todos os dias nos meios de comunicação.

Estou me referindo as grandes empresas, as quais tem suas crises anunciadas e divulgadas pela impressa. E as pequenas e médias empresas? Quantas tem fechado as suas portas nos últimos anos? Você com certeza conhece algumas delas.

Será que é somente a crise que está provocando tudo isso ou a deficiência de gestão tem contribuído? Como está sendo a gestão estratégica das empresas brasileiras? Gestão estratégia é olhar a empresa com um todo, com visão de curto médio e longo prazo. Será que as empresas estão analisando seus ambientes externos para analisar as oportunidades e ameaças? Será que estão analisando e definindo estratégias para aproveitar as oportunidades e minimizar as ameaças? Estão analisando seus ambientes internos para identificar seus pontos fortes e pontos fracos, para definir estratégicas para aproveitar os pontos fortes e melhorar os pontos fracos?

Nos meus estudos sobre gestão e trabalhos de consultoria tenho identificado que o empresário, nem todos obviamente, segue a teoria do sapo: se você jogar um sapo na água fervente ele pula fora da panela, seja qual for a profundidade, mas se colocar na água fria e colocar para ferver ele morre sem se mexer. A mesma teoria vale para empresários: sabe que o mundo dos negócios lá fora está mundo, mas nada tem a ver com o seu negócio. Quando ele percebe, o seu negócio não tem mais salvação. Essa é triste realidade.

Nos últimos 18 anos, de forma ininterrupta, tenho participado do maior evento de varejo do mundo, o Big Show da NRF, organizado pela Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos, que ocorre todos os anos, desde 1911, na cidade de Nova Iorque e mesmo nos períodos de guerras nunca deixou se ser realizado.

No referido evento, empresários varejistas de todas as partes do mundo vão buscar insights e inovações para os seus negócios. Em 2022, o tema mais discutido no evento foi o Metaverso. Ao retornar ao Brasil fui fazer uma apresentação do que teria ocorrido no evento, na ACSP (Associação Comercial de São Paulo),  da qual tenho a honra se ser conselheiro. Na ocasião, e o professor Roberto Macedo me fez a seguinte pergunta: Como um pequeno e médio empresário pode implementar o Metaverso no seu negócio? Parei, respirei e respondi: antes de pensar no Metaverso e em outras ações e tecnologias disruptivas o empresário, não somente o pequeno e médio, deve fazer o básico bem-feito. Isso deve ter acontecido nas empresas brasileiras, em busca da transformação digital, sem olhar custos e antes de fazer o básico bem-feito.

Saí do evento e revolvi escrever o meu último livro: Gestão de Negócios: uma Abordagem Prática, da Anagrama Editora, no qual menciono sete variáveis básicas que qualquer empresa varejista deve fazer bem-feito, antes de pensar em tecnologias inovadoras e  usar novas tecnologias para implementar estratégias referentes as sete variáveis, sempre tendo como foco o cliente.
As sete variáveis são as seguintes:

• Gestão Estratégia de Negócios;
• Gestão de Produto e Estoque;
• Gestão Financeira;
• Gestão de Pessoas;
• Experiência de Compras;
• Visual Merchandising;
• Marketing & Comunicação.

A gestão de varejo ainda é muito empírica no Brasil, pois existem poucas obras, nas quais ou gestor ou empresário pode encontrar conceitos sobre as sete variáveis mencionadas, num único lugar, que seja simples de entender e fácil de aplicar. No livro em questão usei os meus conhecimentos de quase 50 anos de atuação, seja como executivo de grandes empresas, consultor, mentor, conselheiro, professor e pesquisador para produzir um verdadeiro manual de gestão de negócios, com foco no varejo, mas se aplica a gestão de quaisquer negócios de qualquer segmento.

Com o referido livro espero contribuir com a melhoria da gestão das empresas brasileiras, fazendo o simples bem-feito e evitando o elevado nível de mortalidade das empresas brasileiras, cujo longevidade tem sido inversamente proporcional a das pessoas físicas. Enquanto aumenta a idade média das pessoas, diminui a idade médias das empresas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística – IBGE a média de duração das empresas no Brasil varia de quatro a cinco anos.


Juedir Teixeira é PhD. em Gestão.

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