Por Nelson Lopes
Com a aprovação na Comissão de Ética da Câmara do parecer que recomenda a cassação do mandato do deputado fluminense Glauber Braga por agressão a um membro do MBL, no ano passado, a crise institucional se instalou na Casa, nesta semana.
A Executiva Nacional do PSOL subiu o tom contra o presidente da Câmara, Hugo Motta, pelo avançar do processo. De acordo com líderes do partido, Motta não tem atendido a telefonemas para tratar do tema desde quarta-feira. Até mesmo o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, teriam sido ignorados em seus apelos. O PSOL vai entrar com um recurso na CCJ da Câmara contra o voto positivo da Comissão de Ética, nesta quarta-feira, pela cassação. A defesa de Glauber cogita acionar o STF sobre o tema.
E o que está por trás disso…
O pano de fundo seria uma questão antiga. Motta, dizem os PSOListas, seria diretamente interessado na cassação de Glauber. Não por uma briga direta entre eles, mas, sim, o passado de brigas entre Glauber e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. O alagoano é justamente o padrinho de Motta na presidência da Câmara. A aliados, Motta já teria sinalizado que não vai se mover para manter Glauber no cargo, já que o parlamentar teria “colecionado inimigos” no plenário.
É daí que saem as acusações
Nesta quinta, um acordo alinhavado pelo próprio Motta para que as sessões em plenário começassem às 16h30 foi desrespeitado, dando tempo para que a Comissão de Ética votasse a cassação. Em paralelo, foi anunciado que na semana que vem a Câmara só terá sessões remotas, o que esvazia a Casa e diminui o poder de mobilização sobre o caso. Desde quarta, Glauber iniciou uma greve de fome, no plenário da Comissão de Ética, e promete estender até o final do processo. Em resposta, o PSOL convocou um ato para esta sexta, no Buraco do Lume, e outro no dia 24, na Cinelândia.
E o PT resolver entrar na roda!
O líder do governo na Câmara, o deputado fluminense Lindbergh Farias, afirmou nesta quinta-feira que o governo vai cobrar deputado da base favoráveis à anistia dos condenados de 8 de janeiro e que trabalhará por absolvição de Glauber Braga, que teve sua cassação aprovada no Conselho de Ética por agredir um militante do IML.
“Os partidos da base do governo precisam cobrar seus deputados. Esses partidos não fazem parte do governo? Não tem espaços? Então, agora que façam jus. No mais, trabalharemos pela absolvição do Glauber. Isto atinge o governo, é um grau de injustiça gigantesco. A Câmara não pode dar ao Glauber o mesmo tratamento que deu a um parlamentar que arquitetou a morte de Marielle Franco (Chiquinho Brazão). Vamos resistir”, afirmou.
As próximas semanas prometem fortes emoções na egrégia Casa de Leis…
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