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Coluna

Paes, Ramagem e a “pesquisa-bomba”

O destaque da semana é o clima instaurado em Brasília depois de pesquisa eleitoral sobre o cenário político da capital fluminense.

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21 de junho de 2024
Paes, Ramagem e a “pesquisa-bomba”
Proximidade de Bolsonaro dá intenção de votos a Ramagem

Por Nelson Lopes

Caiu como uma bomba, em Brasília, a primeira pesquisa da Quaest sobre as eleições municipais do Rio de Janeiro. Não exatamente pela larga vantagem de Eduardo Paes, que venceria hoje no primeiro turno, com 51% dos votos válidos. Mas, sim, pelo fato de o levantamento apontar que quando associado a Lula, o prefeito do Rio perde votos. Enquanto isso, Alexandre Ramagem dispara em votos quando tem o seu nome ligado a Jair Bolsonaro. Foi este dado que frustrou o Palácio do Planalto e ouriçou o bolsonarismo.

Isso porque, com o apontamento de que o vínculo com o PT tira votos de Paes, se tornaram quase nulas as chances de o prefeito aceitar um indicado por Lula para ser seu vice. A pá de cal nos sonhos de Lula gerou reações imediatas, como a da presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, que convocou uma reunião de emergência sobre o tema em Brasília e pretende pedir para que Paes reconsidere o seu posicionamento, dando o cargo para um petista. O marido dela, Lindbergh Farias, já declarou que pretende votar em Tarcísio Motta, do PSOL, caso o vice de Paes não seja do PT.


Bolsonarismo em festa

Engana-se quem pensa que o bolsonarismo se frustrou com os modestos 11% de intenções de votos que Ramagem mostrou ter. A cúpula do PL comemorou – e muito! – o resultado. E, sem perder tempo, já traçaram as estratégias da campanha. Como Ramagem salta em votos quando associado a Bolsonaro e Paes perde na vinculação a Lula, a ordem no partido é clara: toda militância bolsonarista ampliará o trabalho de associação da imagem dos dois nas redes sociais. Na avaliação interna, Ramagem ainda é pouco conhecido e agora a meta é apresentá-lo como “Ramagem do Bolsonaro”. Caso consigam isto, apostam que a eleição vai para o segundo turno.

Mas, é claro que o próprio Jair Bolsonaro vai “meter a mão na massa”, como se diz no popular. O filho primogênito dele, Flávio Bolsonaro, já está articulando um mega-ato para a primeira quinzena de julho, no Rio, em que Bolsonaro e Ramagem vão discursar lado a lado. E, como ninguém está para brincadeira, todos os quadros do PL vão se esforçar em replicar o discurso de que “votar em Eduardo Paes é votar no Lula”. O bicho vai pegar…


O novo Freixo?

A possibilidade de apoio de parte da bancada petista a Tarcísio Motta, do PSOL, preocupa nomes ligados a Lula. Em Brasília, teme-se que ele se torne uma espécie de “novo Marcelo Freixo”. Isso porque, por anos, a esquerda fluminense depositou esperanças e votos em Freixo, um nome que não era do PT e abençoado diretamente por Lula. Depois de muito rodar e de perder eleições para a prefeitura e para o governo, Freixo até acabou se filiando ao PT, mas sem se mostrar realmente competitivo. Por isto, tem quem tema um efeito adverso desse “racha” no eleitorado petista. Os caciques do partido debatem como fortalecer os nomes internos. 

Lindbergh Farias, por exemplo, deve ser o candidato ao Senado em 2026. A eleição dele é vista como fundamental no PT, já que o PL de Bolsonaro pode eleger dois senadores – Flávio Bolsonaro e o hoje governador Cláudio Castro. Petista histórico, Lindbergh é um consenso para o cargo. O mesmo não se pode dizer de petistas à altura de concorrer a cargos no Executivo do Rio. Não há, hoje, um único nome forte para entrar nesta briga, seja para o governo ou para a prefeitura.


E a vice de Ramagem?

Está difícil chegar a um consenso sobre o vice de Alexandre Ramagem. Já é consenso no bolsonarismo que a chapa não será “puro-sangue”, com titular e vice do mesmo partido. A indicação do vice vai caber ao MDB, principal partido aliado nesta coligação. Também é consenso que a vice precisa ser uma mulher evangélica. Isso porque é necessário quebrar a sisudez de Ramagem, trazer o eleitorado evangélico para a campanha e mostrar diversidado de gênero, se contrapondo à provável chapa formada por Paes e Pedro Paulo – dois homens.

Por isso, o nome ideal entre os emedebistas era o da ex-deputada federal Roseane Félix, que reuúe todos os predicados exigidos pela equipe do bolsonarista. Acontece que Roseane se mostrou desanimada com a possibilidade. Sem acreditar em chances reais de vitória do escolhido por Jair Bolsonaro para enfrentar Eduardo Paes, ela sinalizou ao MDB e ao PL que prefere se candidatar a vereadora pelo Rio, o que se desenha como um caminho mais fácil para voltar a ter um cargo público. Agora, as cúpulas dos dois partidos em Brasília batalham para ter um nome de consenso. 


Sala reservada

Queridinho no Palácio do Planalto, o ex-presidente da Alerj, André Ceciliano, teve o seu gabinete na presidência reservado, para o caso de voltar a despachar na Secretaria de Assuntos Federativos. Isto acontecerá, caso Ceciliano não seja escolhido vice de Eduardo Paes. Ele deixou o cargo no início do mês e está apto a ser o escolhido. Mas, caso não seja, tem a volta certa à administração federal.

Coube a Ceciliano, desde o início do governo Lula, a interlocução com prefeitos e governadores. Juliana Pinto Carneiro foi nomeada de forma interina para a ocupar a disputada sala de Ceciliano no quarto andar do Palácio do Planalto, que conta com vista panorâmica para a Praça dos Três Poderes e permite a vista ao pôr do sol deslumbrante de Brasília, conhecido por ser o mais bonito do Brasil.


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