Jornalistas ou assistentes de acusação?
Ultimamente ao assistir telejornais ao acessar portais de notícias em especial os que fazem parte Grupo Globo; jornalistas e comentaristas em belas bancadas justificando o injustificável, tenho a impressão de estar diante daquela figura prevista no Código de Processo Penal CPP, que atua junto ao Ministério Público (MP) para auxiliar na defesa da acusação em processos penais, chamada, assistentes de acusação.
Parecem de fato assistentes de acusação pois seus editorias e chamadas são facilmente confundidos com libelos de acusação, aquela peça inicial em um processo penal, na qual o Ministério Público ou o querelante apresenta as acusações contra o réu de forma detalhada de modo a dar sustentação a acusação, as provas que serão apresentadas e os crimes pelos quais o réu está sendo acusado. Só nunca ouvimos a versão dos réus, somente a dos acusadores que manipulam a versão dos fatos, pois as versões são mais importantes que o fato em sim.
Espera-se de um jornalista ou de uma emissora um elevado padrão ético, informações relevantes para a sociedade resultantes de um processo investigativo justo ouvindo todas as partes e apresentando todas as versões do fato de modo que a audiência possa livremente formar suas opiniões e não as ter manipuladas por narrativa tendenciosas.
As notícias produzidas por esses assistentes de acusação só têm relevância para aqueles que acusam. A responsabilidade social é aniquilada quando de suas bancadas se jornalistas e comentarista se desdobram em lógicas canhestras desajeitadas e até mesmo desastrosas. A independência e a liberdade de expressão defendidas pelo imortal Barbosa Lima Sobrinho e outros bastiões da imprensa, sucumbem diante da comunicação das notícias com juízo condenatório prévio sem espaço para contraditório.
Penso que a atuação comprometida e parcial de algumas emissoras, aliada e militância de alguns jornalistas faz com que a sociedade perca a fé na imprensa tão indispensável a democracia, assim como tem perdido a fé nos políticos e agora recentemente no judiciário. Onde estão os jornalistas comprometidos com a verdade, cidadania e o bem público, que contribuem para a democracia e o desenvolvimento social.
Deixaram a busca pela verdade e se dedicam a construção de uma verdade adequada aos que estão no poder. Vejo falta de ética, quando uma jornalista empresta a audiência de uma emissora para ler mensagens trocadas com ministros imorais que deveriam apenas falar nos autos. Talvez queiram demonstram que são amigos e amigas do Rei e de toda realeza, mas aqui não é Pasárgada. Um dia sem esperar, ao discutido de um instante eles caem do alto da torre de suas narrativas sem fundamento.

Professor Hélvio Costa é jurista e professor universitário
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