Nas três últimas décadas assistimos lenta e sorrateiramente o surgimento de um novo modelo de estado diferente daquele que nos foi ensinado nas escolas e faculdades, no qual existem três poderes independentes e harmônicos entre si executivo, legislativo e judiciário.
Aqui faço um recorte especial para os moradores do Estado do Rio de Janeiro que juntos testemunhamos a cada manhã ao abrir nossos jornais, sintonizar rádios ou acessar as redes sociais, notícias do dia anterior e até em tempo real, que mostram a ascensão desse quarto poder, o “poder do crime” um gênero dividido em duas grandes espécies, tráfico e milícia com algumas subespécies que corroboram com o fim do gênero.
Esse novo poder de forma cruel, nefasta, organizada e a cada dia mais ramificada, faz com que tenhamos medo das notícias de amanhã. Escolas fechadas por ordem dos traficantes, ônibus queimados em represália à morte de comparsas, barricadas cercando territórios são exemplos de direitos elementares sendo limitados pelos traficantes e milicianos que ostentam um poder bélico que em certas ações são bem superiores ao utilizado pelo Estado.
Vemos a luz do dia o que assistíamos em filmes cuja temática fosse baseada em distopia caótica e indesejável que produzindo uma sociedade oprimida e acuada por esse poder. O tema segurança é tão relevante que a simples esperança de que o Rio de Janeiro poderia ter dias de paz sem a opressão de marginais, deu a eleição ao então desconhecido Wilson Witzel que tinha como bandeira uma proposta de total aniquilação desse quarto poder.
De outro lado, políticos a décadas no poder no período eleitoral apresentam novas fórmulas sabidamente ineficazes, pois se eficazes fossem teriam sido implementadas e não estaríamos na condição atual. Outros apresentam propostas que não passam de placebo, homens enganadores de almas oprimidas pelo crime e que precisam acreditar que seus filhos poderão crescer livres dessa opressão. Essas propostas eleitoreiras invariavelmente focam em críticas aos antecessores ou justificativas que buscam transferir a responsabilidade pelo caos e insegurança instalados no Estado.
Eles esquecem os pontos principais de uma política de segurança pública como por exemplo estética urbana favorável a atividades criminosas que dificultam ações policiais e permitem a formação de trincheiras e fortes quase impenetráveis; Educação não atraente para nossos jovens; Erotização infantil que leva a gravidez precoce fornecendo crianças e adolescente como mão de obra para o tráfico e milícia; Falta de uma política de saúde pública ostensiva sobre os riscos do uso de substancias psicoativas que levam a dependência; Falta de apoio as organizações religiosas que atuam em comunidades terapêuticas; Baixo contingente policial; Equívoco na vacação policial dentre outros temas que teremos muita satisfação em conversar de forma democrática ouvindo atentamente as opiniões dos queridos leitores e leitoras e de forma republicana compartilhar com nossos governantes.
Afinal, que justiça habitará em nós, se não atentarmos para uma situação tão lamentável que assola nosso amado Estado do Rio de Janeiro?
Helviotelles@hotmail.com é jurista e professor universitário
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