Economia
Transição energética

SeenemarRJ faz reunião para debater energia nuclear

Secretaria Estadual de Energia e Economia do Mar (SeenemarRJ) busca integrar empresas para conscientizar sobre energia nuclear.

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29 de abril de 2024
SeenemarRJ faz reunião para debater energia nuclear
O evento da SeenemarRJ foi realizado no Palácio Guanabara

A Secretaria Estadual de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro (Seenemarrj) realizou reunião no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul da capital fluminense, com especialistas e representantes de energia nuclear.

O encontro, comandado por João Leal, coordenador de Energia Nuclear da Seenemarrj, teve como objetivo integrar empresas e órgãos ligados ao tema, para traçar uma estratégia visando a conscientização da sociedade civil sobre a importância da energia nuclear para o Rio de Janeiro e para o Brasil.

O grupo de trabalho criado pela SeenemarRJ discorreu sobre medidas como uso de redes sociais e eventos que possam desmistificar o papel do uso de energia nuclear como um ‘vilão ‘. Os envolvidos farão reuniões mensais, para que o trabalho tenha como resultado uma comunicação integrada,  e possa atingir todas as camadas da sociedade, com informações verdadeiras e precedentes.

“Logramos êxito em nossa reunião exordial hoje, não há qualquer dúvida quanto a isso. Conseguimos reunir as principais empresas e entidades do setor nuclear, nas pessoas dos seus colaboradores de comunicação, com o intuito de organizar um plano integrado. Foram apenas duas ausências justificadas, ABDAN e CNEN, o que evidencia o sucesso suscitado. Energia limpa e empregabilidade, além das diversas aplicações do nosso setor, além da geração de energia que não emite carbono, serão tônicas recorrentes da nossa boa empreitada”, ressalta João Leal.

“O Estado do RJ agradece, afinal de contas, o parque fabril, de forma majoritária, encontra-se aqui sediado. Os desafios e oportunidades são gigantes. A retomada das obras de Angra 3 que pode gerar mais de 17 mil empregos em nosso Estado é um desafio, participações, de forma integrada, tanto no G20 como na COP 30 são excelentes oportunidades de mostrarmos ao mundo que também somos nucleares. Seguiremos em frente de forma integrada onde o protagonista eh o setor”, completa Leal.

João Leal, coordenador de Energia Nuclear da SeenemarRJ, discursa durante o evento

Participantes do evento da SeenemarRJ

Participaram do encontro representantes da Eletronuclear, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), Marinha do Brasil, Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep), Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), Instituto de Ciências Náuticas (ICN), Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).

A International Nuclear Atlantic Conference – INAC 2024 – é considerada o evento que congrega o maior número de participantes envolvidos em atividades relacionadas à energia nuclear. Sua 11ª edição acontece no período de 6 a 10 de maio, no Rio de Janeiro e terá como tema “Energia Nuclear: Garantindo Energia, Saúde e Alimentação”.

A INAC 2024 congrega três outros eventos interligados e relacionados à energia nuclear: o XIII Encontro de Física de Reatores e Termohidráulica (XXIII ENFIR), o XVI Encontro de Aplicações Nucleares (XVI ENAN) e o VIII Encontro da Indústria Nuclear (VIII ENIN).

Completam as atividades programadas para a conferência o X JR. Poster, sessão de pôsteres elaborados por alunos da graduação com supervisão de pesquisadores, e a 11ª ExpoINAC, mostra de estandes com participação de empresas e institutos da área nuclear e correlatas.

O evento é promovido pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN) e tem o IPEN-CNEN com intensa participação na organização. A coordenação do XXIII ENFIR, com ênfase na área de reatores nucleares, é do físico Frederico Genezini, gerente do Centro do Reator de Pesquisa do IPEN-CNEN. A pesquisadora do Centro de Tecnologia das Radiações, a também física Carmen Bueno, coordena o XVI ENAN que abordará em sua programação não só as aplicações da energia nuclear em saúde, preservação de patrimônio cultural, indústria e meio ambiente, mas temas relacionados à metrologia das radiações e resíduos radioativo, entre outros.

Recursos para o setor nuclear

O deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Nuclear Julio Lopes (Progressistas – RJ) quer incluir a fonte como combustível limpo no Programa de Aceleração de Transição Energética, aprovado recentemente pela Câmara dos Deputados. O PL ainda tramitará no Senado, onde ele espera que a ideia prospere. De acordo com Lopes, a proposta foi derrotada na Câmara, mas ele acredita em reversão. “Vamos precisar de organização e união”, avisa Julio Lopes, que participou da abertura do Nuclear Summit, realizado no Rio de Janeiro, em abril deste ano.

Segundo o deputado, o governo orientou a votação contra a inserção, o que influenciou o resultado. Houve ainda uma descoordenação da bancada fluminense. Lopes lembrou que a atividade nuclear está baseada no Rio de Janeiro, o que deveria ter se transformado em votos. Ainda de acordo com Lopes, não é concebível o governo votar contra algo que várias nações do mundo estão fazendo, que é aumentar a capacidade da fonte.

Ele lembra que essa delimitação impede a fonte de pleitear por mais recursos e acessar fundos, como os da Finep – cujo presidente, Celso Pansera, também participou da abertura do evento – uma vez que o governo só poderá financiar o que está dentro da lei. “Não haverá recursos para o setor nuclear se a lei não considerar como energia limpa”, aponta.

Para o deputado, quando se fala em não concluir a usina de Angra 3, na realidade está se discutindo descontinuar o Programa Nuclear Brasileiro. Segundo ele, o PNB é um projeto integrado e a nova usina atua como uma espécie de nave-mãe. O desconhecimento da sociedade e de autoridades sobre a fonte também foi salientado pelo parlamentar. “Não temos uma sociedade formada e instruída sobre o que é a importância do nosso setor nuclear”, criticou.


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