Um dos territórios mais tradicionais de cultura negra na região Norte e Noroeste Fluminense, o Quilombo Machadinha, em Quissamã, recebeu no último sábado (14) uma comitiva da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
A visita marcou mais uma etapa do projeto de consolidar a Rota Caminhos do Açúcar como destino turístico de destaque nacional. Além disso, a iniciativa visa impulsionar a busca de investimentos para a expansão do turismo da região.
A comitiva foi capitaneada pelo presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Também estavam presentes representantes do BNDES, Ministério da Cultura e da Igualdade Racional, além de autoridades de 21 municípios do Consórcio Público Municipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense.
Embratur e municípios querem ampliar receita de pequenas empresas
“O Quilombo Machadinha é uma joia da nossa região e que conta muito sobre a nossa história. Nossa ação visa aumentar o desempenho comercial do quilombo e de micro e pequenas empresas do setor de turismo com o uso de ferramentas digitais gratuitas, como Google e TikTok. A meta é ampliar o alcance de produtos e serviços e aumentar a receita dessas pequenas empresas. Essas plataformas digitais são fundamentais porque impactam diretamente o turismo”, explicou Freixo.
A presidente do Consórcio e prefeita de Quissamã, Fátima Pacheco, ressaltou a importância da região em receber um evento em busca do diálogo interinstitucional para o fortalecimento regional.
“O projeto Caminhos do Açúcar apresenta a valorização do turismo do Norte e Noroeste Fluminense como fonte de desenvolvimento econômico e geração de empregos. Buscamos expandir cada vez mais esse projeto para atrair turistas de todos os estados do país”, afirmou.
Machadinha sedia memorial
A Rota Caminhos do Açúcar valoriza a história, cultura, patrimônio histórico e o turismo. O foco é contribuir com o desenvolvimento socioeconômico e o fortalecimento das identidades locais.
A comunidade da Machadinha é formada pela oitava geração de descendentes de pessoas escravizadas que pertenciam ao Visconde de Ururai. Após a abolição da escravatura, ali permaneceram.
No início deste século, a Prefeitura de Quissamã restaurou as antigas senzalas. O órgão criou o Memorial da Machadinha, que conta a história dos negros que vieram de Kissama, na África, para as plantações de cana de açúcar no Brasil. Outro espaço criado foi a Casa das Artes, onde funcionava cavalariça da fazenda e hoje dá lugar um restaurante. Neste espaço também acontece manifestações de danças como o Fado, Jongo e o Boi Malhadinho, típicas da época da escravidão.
Em 2009, as famílias que ainda viviam na Comunidade da Machadinha receberam reconhecimento da propriedade definitiva das terras e dos imóveis. O local recebeu certificação de comunidade quilombola pelo Ministério da Cultura, através da Fundação Palmares.
“A iniciativa da Embratur visa capacitar iniciativas de turismo assim, de base comunitária, que ofereçam experiências essencialmente ligadas à cultura brasileira. E a Rota Caminhos do Açúcar, o Quilombo Machadinha, assim como o Quilombo do Grotão, em Niterói, foram escolhidos justamente por esta importância, ao lado de destinos como Lençóis Maranhenses, Belém do Pará, Pantanal, Cânions de Santa Catarina e Foz do Iguaçu”, completou Marcelo Freixo.
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