Os amantes de futebol dificilmente esquecem as importantíssimas e muitas vezes curiosas histórias de fundação dos clubes. De Norte a Sul do país os capítulos escritos em muitos casos se confundem com as histórias de formação da sociedade brasileira. E uma dessas narrativas escritas com orgulho é a do Bangu Atlético Clube, que viria a se tornar um dos mais tradicionais dos times de menor investimento do estado.
O ano era 1904. A fábrica de tecidos Bangu procurava uma forma de proporcionar a prática de atividades esportivas e recreativas para seus funcionários. Assim nasceu o Bangu Athletic Club, em 17 de abril daquele ano, no bairro homônimo, na Zona Oeste da cidade.
O vermelho e branco do uniforme, utilizados até hoje, foram escolhidos pelos fundadores, trabalhadores britânicos, em homenagem a São Jorge, padroeiro da Inglaterra e ao Southampton, equipe do coração dos mesmos.
E do plantel que nasceu no chão da fábrica fizeram parte nomes famosos como Zizinho, que vestiu a camisa alvirubro sendo o craque da Copa de 1950 e Domingos da Guia, zagueiro revelado pelo Bangu que fez história no futebol e ganharia uma estrofe no hino do clube.
“O Bangu tem também a sua história, sua glória, Enchendo seus fãs de alegria. De lá, pra cá, surgiu o Domingos da Guia.“
O Bangu conquistaria o seu primeiro campeonato carioca em 1933, mas antes disso proporcionou uma daquelas histórias que nos faz pensar: “Não é só futebol”. O time do Bangu teve que abandonar a Liga em 1907 por contar com dois jogadores negros em seu plantel: Manoel Maia e Francisco Carregal. Era proibido naquela época. O time voltaria a liga principal em 1912.
Em 1933 o Bangu conquista seu primeiro título com um sonoro 4 a 0 no Fluminense em plena Laranjeiras. Vale lembrar que naquela época o campeonato tinha somente seis times, mas contava com três dos grandes (Vasco, Fluminense e Flamengo). Eles disputava a Liga Carioca de Futebol, enquanto o Botafogo e mais outros nove times disputavam a Liga da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).
Trinta anos depois o Bangu deixava de lado a ligação com a fábrica com o nascimento de uma relação que marcaria para sempre a história do clube. No fim de 1962, Eusébio de Andrade chega à presidência e juntamente com seu filho, Castor, passa a controlar a contratação de jogadores ao mesmo tempo que oferecia prêmios valiosíssimos aos mesmos.
Era público e notório que este dinheiro tinha origem no jogo do bicho, ou seja, da contravenção. Sob o comando de Castor de Andrade o futebol do Bangu ganhou força e chegou aos vice-campeonatos estaduais de 64/65 e 67. Mas no meio disso veio o título de 1966, com uma espetacular vitória contra o Flamengo por 3 a 0 no Maracanã lotado.
Após a saída da família Andrade no fim da década de 1960, o Bangu volta a fazer figuração no Campeonato Carioca, situação que não duraria muito tempo. Com a volta de Castor de Andrade como patrono do clube na década de 1980, voltam as vacas gordas, mesmo que questionáveis.
E foi na década de 1980 que o Bangu alcançou o maior feito de sua história. Em 1985 o Bangu chegou à final do Campeonato Brasileiro da primeira divisão contra o Coritiba (PR) em um Maracanã com mais de 90 mil pessoas apoiando o velho time da fábrica de tecidos.
Infelizmente o título não veio e a derrota nos pênaltis por 6 a 5 após empate em 1 a 1 no tempo normal doeu demais. Aquele seria a última grande campanha da equipe da Zona Oeste do Rio no cenário nacional, bem diferente do momento atual. Apesar de ter conseguido classificação para a Série D em alguns anos recentemente, em 2022 o Bangu não conseguiu o feito.
A realidade atual é se manter na primeira divisão do carioca para explorar os benefícios comerciais de jogar com os quatro grandes e ter a chance de, no segundo semestre, vencer a Copa Rio e carimbar a participação em alguma competição nacional, seja a Copa do Brasil ou o Brasileiro Série D.
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