O futsal do Rio de Janeiro tenta sobreviver após profunda crise enfrentada pela modalidade. Reportagem do Conexão Fluminense apurou que há dez anos, os praticantes e atletas desse esporte enfrentam difíceis condições e há uma credibilidade perdida.
Marcello Barbosa, subsecretário de Esportes do Rio de Janeiro, graduado em Educação Física, Mestre em Projetos Sociais e ex-atleta de Futsal, fez um comparativo com a situação de 20 ou 30 anos atrás, quando o estado contava com campeonatos mais fortes e tinha mais visibilidade e era atrativo para o público.
“Não somos mais referência e nem competitivos dentro do País. Pouco revelamos de talentos e nossa representatividade no cenário nacional é mínima, seja como formadores, equipes competitivas ou modelos e exemplos de gestão”, relatou ele.
Barbosa relata ainda que até mesmo a infraestrutura à disposição dos atletas enfrenta condições precárias incapazes de dar ao esportista o mínimo de disposição, tendo dificuldades em prover a capacidade de formação de novos atletas.
“E as quadras? Sem estrutura, sem planejamento e sem capacitação adequada, vamos continuar afundando. Reclamam das arbitragens, da violência nas arquibancadas, do desrespeito entre os atletas e os pais, mas isso é consequência, em grande parte, da ineficiência da gestão, que não é presente, que não educa e que não pune adequadamente os clubes, responsáveis e atletas envolvidos”, completa ele.
Para o subsecretário é preciso uma mudança completa para que o futsal do Rio consiga se reerguer, sendo necessário traçar um planejamento de longo prazo para o esporte no estado. “Abdicamos de valores imprescindíveis para a formação da criança em busca de se criar mini craques competitivos e vencedores. Precisamos mudar essa concepção. Capacitar dirigentes, árbitros e funcionários, conscientizar pais e atletas, fazer campanhas de retorno do público às quadras”, ressaltou.
Futsal do Rio: federação busca reestruturação
Já Denilton Cymbron, presidente da Federal de Futebol de Salão do Rio, explicou que ele herdou problemas gerados por administrações anteriores à sua. Ele, que assumiu a entidade em abril de 2022, diz que tem buscado reestruturar a modalidade e que tem tentado promover uma série de mudanças com vistas a ter uma situação melhor.
Um dos planejamentos traçados por ele é a criação de descenso para divisões inferiores e o ascenso de clubes para divisões superiores, com o objetivo de aumentar a competitividade e levar mais público às quadras.
“Todos os problemas vêm da administração anterior. Quando assumi, minha primeira providência foi fazer acordo para equacionar as dívidas existentes. Pegamos uma dívida muito alta e estamos parcelando”, disse.
Ele deu como exemplo uma ordem de despejo por conta do não pagamento do aluguel da sede social, que fica situado na Tijuca, na zona norte. O valor da dívida era de R$ 651 mil, de acordo com ele. E assim, para evitar o despejo, ele conta que foi obrigado a pagar 20% do valor em um conta judicial, o que atrapalha os planos para equacionar as contas da entidade, conforme ele explicou.
Alex Tinoco, presidente do Esporte Clube Corrêas, está mais otimista com a situação, embora reconheça que ainda está longe do ideal. De acordo com ele, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, há um movimento de crescimento na organização dos campeonatos. “Ainda é muito longe do que imaginamos, mas há bons movimentos acontecendo”, comentou ele.
Jogo beneficente
No próximo dia 29, atletas de futsal se unirão com ex-atletas da modalidade bem como ex-jogadores de futebol para um evento beneficente de arrecadação de alimentos para a Casa Ronald McDonald, no Rio de Janeiro.
A partida beneficente Amigos do Bocão x Amigos do Marcelo Rodrigues ocorre no Clube Municipal na Tijuca, a partir das 17 horas. O primeiro jogo será Artistas x Jornalistas; em seguida, ocorre Douradinhos x 40+; e, por fim, Amigos do Bocão + Amigos do Marcelo Rodrigues. A entrada é 1 kg de alimento não perecível.