O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizou no último dia 30 a soltura de dezenove pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) a 84km da costa da capital fluminense. A ação aconteceu em parceria com a Marinha do Brasil, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com o Instituto BW. Ao todo, a operação mobilizou 42 profissionais, entre civis e militares.
Os animais estavam sob cuidados veterinários e, com a soltura, continuarão agora o processo migratório em direção ao Sul do continente, na região da Patagônia Chilena e Argentina.
Segundo o Inea, dezenas de animais haviam encalhado na costa Norte fluminense entre os meses de julho e agosto. Eles receberam atendimento especializado pelo Instituto BW. O órgão conta com um Centro de Recuperação de Animais Silvestres, em Araruama, na Região dos Lagos.
Alguns animais não sobreviveram após resgate
Os pinguins estavam em estado de saúde delicado. Muitos estavam debilitados, hipotérmicos, com parasitas e apresentando patologias pulmonares. Assim que os animais foram recolhidos, receberam cuidados de hidratação, aquecimento e medicação, além de exames laboratoriais e de imagem. Do grupo inicial, alguns indivíduos não conseguiram sobreviver.
Como a fase de vida dos animais atualmente é propícia para a migração, eles foram reintroduzidos na natureza em uma corrente oceânica quente do Atlântico Sul. Estre movimento é paralelo à costa brasileira, em direção às colônias reprodutivas da espécie.
A localização exata do local da soltura foi realizada em parceria com o Inpe, que já auxiliou outras instituições neste mesmo procedimento. O Grupamento de Navios Hidroceanográficos (GNHo) da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha foi o responsável pelo transporte seguro em alto mar dos animais. A embarcação para a missão foi o Navio AvPqHo Aspirante Moura (H11), construído em1987.
Caso alguém encontre pinguins, é preciso acionar os órgãos ambientais
A maioria dos pinguins liberados eram fêmeas, e todos eram jovens, nascidos ainda este ano. Os animais foram recolhidos pelo Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES), da Petrobras. A expectativa de vida da espécie é de 20 anos e, ao contrário da ideia popular, estes indivíduos precisam de calor. A recomendação é que, caso algum cidadão encontre com algum pinguim desta espécie, deve colocá-lo em uma caixa de papelão e acionar os órgãos ambientais.
Os pinguins são aves oceânicas da ordem Sphenisciformes e caracterizadas por não possuírem capacidade de voos, pois suas asas são transformadas em nadadeiras e seus ossos não são pneumáticos (ocos). São adaptadas à vida aquática devido a capacidade de utilizarem suas asas para propulsão. Essa característica faz com que eles atinjam uma velocidade de até dez metros por segundo embaixo d’água, onde podem permanecer submersas por vários minutos.
“Acompanhamos todo o processo de reabilitação, desde o seu recebimento até a soltura destes animais que são tão preciosos para a biodiversidade marinha. Estes animais agora têm maior chance de um futuro seguro”, afirma o Gerente de Fauna do Inea, Cleber Ferreira.
Presença destes animais é comum
A presença de pinguins nas praias do sul e sudeste brasileiro é um fenômeno natural e migratório que ocorre durante o inverno. Estudos arqueológicos de sambaquis ao longo da costa do Brasil revelam camadas de conchas e fragmentos de pontas de flechas, machados, cerâmica, esqueletos humanos e esqueletos de animais, incluindo os ossos de pinguins. Isso indica que eles frequentam a costa brasileira antes mesmo da colonização portuguesa.
“Esta é a primeira vez na história que o Governo do Estado realiza a soltura dessa espécie de animal. O Inea articula o apoio de projetos responsáveis pelo manejo de fauna silvestre no Estado, atividade essencial para a manutenção da nossa biodiversidade. Realizamos a devolução com muito orgulho e sensação de dever cumprido”, celebra o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
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