O Banco Mumbuca recebeu nesta quarta-feira (23) o primeiro dia do 2º Congresso de Gestores, Articuladores e Pesquisadores de Economia Solidária (Egapes), em Maricá, no Leste Fluminense, que tem como tema principal “A Economia Solidária como Base do Desenvolvimento Socioeconômico”.
O evento reúne palestrantes e estudiosos do assunto vindos de diferentes partes do país e também do exterior para debaterem os desafios, a construção de alternativas para as crises e as iniciativas voltadas na área da economia solidária, entre elas a renda básica e a criação de uma moeda social, já adotadas em Maricá.
Na abertura do congresso, que tem apoio da Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Economia Solidária, a diretora-presidente do Banco Mumbuca, Manoela Mello, falou sobre o trabalho desenvolvido em Maricá na busca por uma distribuição de renda mais justa. Ela também destacou que o evento reafirma o protagonismo da cidade no setor.
“Esse congresso é uma reafirmação dessa condição da cidade. A Mumbuca é hoje um reflexo de uma experiência de inclusão que deu muito certo, tanto que estamos recebendo gente do mundo todo hoje. Além disso, estamos sempre de olho em novas experiências que possam agregar benefícios à população”, reforçou Manoela.
A primeira mesa de debates teve a participação do professor Juan Marcelo Torrano, da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina, e da pesquisadora Heloísa Primavera, da Rede Latino-Americana de Economia Solidária, que mostrou uma linha do tempo de iniciativas do setor nas Américas desde a década de 1970. Ela falou ainda sobre moedas sociais que funcionam em países como Argentina (o Par), Chile (o Pétalo), Colômbia (a Luna), Equador (o Muyu) e o Uruguai (o Sol).
“Algumas dessas experiências começaram mesmo quando alguns desses países ainda viviam sob ditaduras militares violentas. É preciso sempre fazer as iniciativas acontecerem na ponta, onde estão as pessoas que precisam, e não apenas mantê-las na academia ou nas discussões políticas”, ressaltou Heloísa Primavera.
Moeda social é referência de economia solidária
Entre os participantes estavam ainda representantes de municípios como Pedro Canário, que tem 26 mil habitantes e fica no norte do Espírito Santo. De lá vieram o vice-prefeito Kleilson Resende e o secretário de Planejamento, Everton Riazor. Segundo eles, uma moeda social semelhante à Mumbuca seria um grande impulso para a economia local.
“O potencial de nossa cidade é grande e a moeda pode ser um motor da economia. Vimos exemplos aqui também de agroecologia muito inspiradores aqui”, revelou o vice-prefeito, ao que o secretário reforçou: “Queremos fazer com que o morador de lá impulsione o comércio local e deixe de sair do município para fazer suas compras, como acontece hoje”.
Para o secretário de Economia Solidária de Maricá, Adalton Mendonça, esse interesse comprovado com a presença de tanta gente de fora no congresso comprova que a cidade está no centro do debate no setor. “É muito enriquecedor receber essas pessoas para debater a economia solidária a partir da nossa experiência, gente de todo o Brasil, do cone sul e até da América do Norte. São quase dez anos de um trabalho lento que dá seus frutos agora”, avaliou.
Em razão do jogo de estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, a programação do 2º Egapes será inteiramente online nesta quinta-feira (24), podendo ser assistida pelo canal do Banco Mumbuca no YouTube.
Na sexta-feira (25), o evento retorna ao auditório com as demais mesas, sendo uma delas com a presença do Eduardo Suplicy, recém-eleito deputado estadual em São Paulo e autor da lei da Renda Básica da Cidadania, em 2004, quando era senador. Toda a programação do congresso está disponível no site.