O que você faz sem internet no celular? Um estudo produzido pela App Annie mostrou que o Brasil fechou 2021 como o país onde a população gasta mais tempo utilizando a internet móvel dos smartphones – 5,4 horas por dia. Como suplementação a este dado, ranking da Cable.UK mostra que temos no Brasil a 54ª internet móvel mais cara em um ranking de 233 países. Dada a equação, fica a pergunta. Como fazer a população da classe C, D e E ter acesso à internet móvel de qualidade?
É claro que não é uma pergunta simples de ser respondida e nem tarefa fácil de ser cumprida, mas a história do beija-flor apagando o incêndio do jeito dele nos mostra que é preciso dar os primeiros passos.
Um destes passos, gigantesco, por sinal, foi dado pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), com a criação da Maricá Telecom, joint-venture formada junto com a iniciativa privada que entrega aos alunos, professores e profissionais das escolas municipais da cidade do Leste Fluminense chips com internet móvel ilimitada.
Lançada há pouco mais de um mês, em 1º de setembro, a Maricá Telecom tem a meta de entregar até novembro 35 mil chips em todas as 65 escolas municipais, que receberam tablets da Secretaria de Educação para auxiliar na inclusão e desenvolvimento da cultura digital entre os alunos.
Jean Rabelo, Gerente de Desenvolvimento Tecnológico da Maricá Telecom, explica que o trabalho vai muito além da oferta de internet móvel de qualidade para os alunos.
“Dentro da nossa tecnologia nós temos um sistema de filtro de conteúdo que faz com que esses usuários não consigam assistir a conteúdos não permissivos pela Secretaria de Educação, pelo município. Se ele quiser assistir alguma coisa relacionada a pornografia, por exemplo, esse usuário não consegue acessar”.
Jean ressalta que o serviço oferece segurança acima do que é praticado pela maioria das operadoras do mercado, pois utiliza 2048 bits de criptografia, o que dificulta a invasão de hackers e narra a capacidade multitarefas do serviço.
Muito além da internet móvel
“Você consegue mesclar por série, por turma, por escola, por idade e saber através de gráficos e dashboards a utilização da plataforma deste aluno. Saber se ele está utilizando da forma correta, se ele usa para fazer os trabalhos e provas. Quem são os que mais usam, os que menos usam. Isso sem ver o conteúdo que ele está utilizando”.
“A ferramenta proporciona uma série de circunstâncias que podemos complementar, pois é uma ferramenta customizável. A própria Secretaria de Educação pode mencionar sobre uma necessidade X ou Y e a nossa equipe de desenvolvimento faz o trabalho, faz o estudo, o levantamento e consegue entregar a demanda. Esse é o nosso diferencial. Conseguimos atender de forma individual cada prefeitura dentro da necessidade dela.
O trabalho desenvolvido fez sucesso e já chama atenção de outros municípios que manifestam interesse em saber mais detalhes sobre o serviço. Ao mesmo tempo, já está em fase de implementação a distribuição de tablets com internet móvel para servidores municipais de áreas como saúde e segurança.
“O servidor público que está envolvido no projeto certamente iria querer ter uma internet ilimitada para trabalhar. Para o professor ou servidor da área de saúde que está em campo é muito importante ter uma ferramenta que você possa ter uma comunicação direta com a pasta sem precisar utilizar os dados pessoais. Você não precisa comprar um pacote de dados pessoais e usar para trabalhar”, afirma Jean.
A missão cumprida pela Maricá Telecom é digna de uma salva de palmas e certamente já transformou o dia a dia de centenas de estudantes do município. Este primeiro passo pode ser o caminho para ter nas escolas equipamentos tecnológicos conectados à internet, fato comum em escolas particulares dos grandes centros urbanos e cena rara em municípios de poucos recursos.
“Esse é um projeto futuro que precisa de evolução por parte do município e da gestão da Maricá Telecom para que progrida para esta etapa. Progressão na área de tecnologia é sempre conversada. Realmente é uma necessidade dos municípios”, projeta Jean.
