Capital
Manifestação

Motoristas de apps protestam contra proposta de regulamentação trabalhista

Carreata de motoristas de apps saiu da Barra da Tijuca até o Aeroporto Santos Dumont e depois seguiu para o Centro da capital.

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26 de março de 2024
Motoristas de apps protestam contra proposta de regulamentação trabalhista
Motoristas de apps ocupam faixas do aterro do Flamengo, em direção ao Santos Dumont

Motoristas de apps das principais capitais do país realizaram, na manhã desta terça-feira, manifestação contra a PL 12/2024, que regulamenta a relação de trabalho entre os motoristas e as operadoras do serviço.

Na capital fluminense, centenas de motoristas de apps saíram da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, até o Aeroporto Santos Dumont, ocupando duas faixas da via de acesso ao aeroporto. Depois a carreata seguiu para o Centro do Rio e chegou a ocupar uma pista da Avenida Presidente Antônio Carlos. A paralisação foi organizada pela Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil (Fembrapp).

Enviado pelo governo federal o projeto de lei foi recebido com uma série de críticas por grupos que representam a classe.

Confira os pontos do Projeto de Lei

  • Jornada de trabalho poderá chegar a 12 horas por plataforma;
  • Motorista que cumprir 8 horas diárias não poderá receber menos do que R$ 1.412;
  • Criação da categoria “trabalhador autônomo por plataforma”;
  • Mulheres terão acesso a direitos previdenciários previstos no Auxílio Maternidade;
  • O motorista poderá escolher quando trabalhar e não haverá vínculo de exclusividade;
  • Haverá um sindicato da categoria;
  • Transparência sobre as regras de oferta de viagens;
  • Trabalhador deverá ter remuneração mínima;
  • A hora trabalhada deverá ter valor mínimo de R$ 32,10.

Apesar das mudanças previstas, as novas regras não significam vínculo de trabalho entre os motoristas e os aplicativos. Então, eles não estarão enquadrados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Rio tem 300 mil motoristas de apps

O Conexão Fluminense conversou com o porta-voz Luiz Gustavo Neves, co-CEO da StopClub, cujo app soma mais de 700 mil downloads e 250 mil usuários, e que se dedica, desde 2017, a apoiar motoristas em seus desafios diários.

Segundo Neves, o estado do Rio conta com cerca de 300 mil motoristas de apps e somente na capital esse número chega à metade do total, com 150 mil profissionais. Segundo ele, muitos motoristas abandonam as plataformas quando observam os custos para circular.

“São vários os casos de motoristas que começam a trabalhar nas plataformas e logo se arrependem, principalmente quando avaliam melhor seus custos. O valor das corridas muitas vezes não compensa todos os gastos decorrentes, como depreciação, combustível, manutenção, etc.”, explica.

Outra questão de peso para a saída dos motoristas ou até mesmo troca de horário para exercer o trabalho, é quanto à violência: “Sabemos que muitos motoristas abandonaram o trabalho por medo ou mudaram suas formas de trabalhar: escolhendo melhor as corridas (não indo para áreas de risco), avaliando melhor a nota dos passageiros e não dirigindo à noite, por exemplo.”, completa.

Motoristas de apps gastam em torno de R$ 150 por dia

Os dados mostram que o custo diário de um motorista gira em torno de R$ 150,58 por dia trabalhado ou R$ 16,13 por hora online nos aplicativos. Considerando que o motorista fica 60% do tempo on-line em viagem, seu custo é de R$ 26,88 por hora trabalhada.

Para os motoristas, o valor mínimo estabelecido não é o suficiente para cobrir os custos de manutenção e utilização de um carro. Eles temem também que as plataformas ajustem os ganhos aos trabalhadores para pagar apenas o mínimo exigido pelo governo, ou seja, que transformem o piso proposto num teto de remuneração.

Outro ponto a se destacar é que o PL não considera o custo do quilômetro rodado, diferente da regulamentação dos taxistas. Isso pode criar situações em que uma corrida gere prejuízos ou nenhum lucro ao motorista. 


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