Baixada Fluminense

Muguêt propõe “BOLSA CAC” em Nova Iguaçu

O candidato a vereador Fernando Muguêt, de 43 anos, filiado ao Democracia Cristã (DC), gerou polêmica ao apresentar uma proposta voltada ao financiamento total dos custos de concessão de registro de armas para microempreendedores individuais (MEIs) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Cristão praticante e apoiador assumido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Muguêt defende que seu projeto, se aprovado, destinará recursos da Câmara de Vereadores para cobrir integralmente os custos relacionados ao Certificado de Registro (CR) para Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs), além do registro de armas no Sistema Nacional de Armas (SINARM) e a Autorização de Tráfego de Armas (ATA) profissional.

A proposta trouxe à tona debates acalorados sobre a relação entre segurança pública e o apoio financeiro a atividades ligadas à posse de armas, especialmente em um contexto de dificuldades econômicas enfrentadas pelos pequenos empreendedores da cidade.

Para muitos, o projeto contrasta com os valores tradicionais de um partido cristão e levanta questionamentos sobre o uso de recursos públicos para subsidiar um setor considerado sensível e potencialmente controverso.

Muguêt, no entanto, defende que sua proposta está alinhada com os valores de liberdade individual e de defesa pessoal, além de ser uma ferramenta para a segurança dos microempreendedores, muitos dos quais operam em áreas de risco.

“O cidadão de bem tem o direito de se defender, e o Estado deve apoiá-lo. Muitos pequenos empreendedores estão vulneráveis à criminalidade, e a posse de arma regulamentada é uma solução que traz mais segurança para suas atividades”, afirmou o candidato.

Muguêt apoia o movimento PRO ARMAS

Além de sua forte identificação com o bolsonarismo e o armamentismo, Fernando Muguêt conta com o apoio significativo do movimento PRO ARMAS, tanto em nível estadual quanto nacional. Ele é o único candidato a vereador de Nova Iguaçu a receber tal apoio, o que fortalece sua posição junto ao eleitorado que defende a flexibilização do acesso às armas.

O movimento PRO ARMAS, representado no Rio de Janeiro pelo coordenador estadual Felipe Nini, policial civil da ativa, e em nível nacional pelo presidente do movimento, o deputado federal Marcos Pollon, tem sido um dos principais aliados de Muguêt na promoção de sua agenda armamentista. Esse respaldo legitima ainda mais a proposta, que visa atender a uma demanda crescente entre pequenos empresários em busca de segurança.

Uma proposta controversa em meio a valores cristãos

Apesar de sua postura bolsonarista, que inclui a defesa do armamento civil, a proposta de Muguêt surpreendeu alguns eleitores devido à sua forte identificação com os princípios do Democracia Cristã, partido tradicionalmente vinculado aos valores familiares e conservadores, mas com uma retórica moderada em relação ao armamento.

O próprio candidato reconheceu que o tema é delicado, mas acredita que sua proposta é coerente com sua visão de um Estado que garante direitos àqueles que mais precisam de proteção. “A Bíblia nos ensina a proteger nossas famílias, e não vejo contradição entre ser cristão e defender a segurança do cidadão”, disse.

Se eleito, Muguêt promete priorizar o financiamento de 100% dos serviços para CACs e registros de armas destinados exclusivamente a microempreendedores individuais, justificando que muitos desses profissionais não têm condições de arcar com os altos custos envolvidos no processo. Estimativas preliminares indicam que a medida poderia custar milhares de reais aos cofres municipais, um ponto criticado por opositores, que questionam o uso de dinheiro público para tal finalidade.

A proposta de Muguêt reforça uma conexão direta entre a defesa de pautas conservadoras e a promoção de direitos armamentistas, em linha com o movimento bolsonarista, que tem como um de seus pilares a defesa da flexibilização do acesso a armas de fogo.

Impacto eleitoral

Com as eleições municipais se aproximando, a campanha de Muguêt, que já possui uma base consolidada entre os eleitores mais alinhados ao bolsonarismo, busca conquistar o apoio de pequenos empresários, argumentando que a proposta não só atenderia às suas demandas por segurança, mas também fomentaria a formalização de negócios. “Acredito que muitos microempreendedores vão se beneficiar dessa medida, que vai além do armamento; ela trata de garantir a tranquilidade para o trabalho e a família. Não é sobre armas, é sobre liberdade”, declarou o candidato.

Entretanto, críticos da proposta apontam que o projeto, em vez de resolver questões de segurança pública, pode gerar mais riscos à população ao facilitar o acesso às armas de fogo. Além disso, alertam para a inadequação do uso de recursos da Câmara para financiar atividades que, na visão de muitos, deveriam ser subsidiadas de forma privada, e não com verbas municipais.

Resta saber se essa proposta será um ponto de virada na campanha de Fernando Muguêt ou se representará um desafio em sua busca por uma vaga na Câmara de Vereadores. O fato é que, ao trazer à tona um debate tão controverso, Muguêt atraiu a atenção de todos os lados do espectro político, colocando a questão da segurança pública no centro das discussões eleitorais em Nova Iguaçu.


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