*Por Pedro Henrique Gomes
Na mesa da infância de Chico Buarque, as tardes eram governadas pelo Politheama Futebol Clube. Sob seus dedos ágeis, os botões tricolores não apenas deslizavam, mas dançavam uma coreografia mágica. A cada peteleco, ecoava o hino do time: “Politheama, Politheama, o povo clama por você!”. Era a sinfonia do futebol em miniatura, regida por um maestro que misturava arte, paixão e a inventividade de um menino sonhador.
O Fluminense de 1919, narrado por sua mãe, Memélia, era a inspiração que alimentava a paixão infantil pelo futebol. E, como num conto épico, Castilho, o goleiro-ídolo, tornava-se herói tanto nos gramados quanto na mesa. Chico seguia o exemplo, sendo um estrategista e craque das mesas futeboleiras.
Mas nem só de vitórias vivia o Politheama. Em uma fotografia dos anos 70, lá está Chico Buarque em duelo com Chico Anysio. Sob o olhar atento de Vinicius de Moraes, a disputa transcendia o simples jogo; era a poesia do futebol em botões. E, claro, Chico Buarque, sempre assobiando o hino, desestabilizava o adversário com o charme irresistível do Politheama.
Quando cresceu, levou o time para o campo. No Recreio dos Bandeirantes, o Politheama ganhou vida em gramados reais. Lá, artistas e amigos davam novos capítulos ao time que nasceu no jogo de botão.
Hoje, em cada peteleco ou passe preciso, vive o espírito lúdico de Chico. Afinal, seja no botão, no campo ou na música, o futebol sempre foi para ele mais do que esporte: foi arte, emoção e memória.
Texto escrito por PH Gomes, idealizador do Deriva dos Livros Errantes e do selo Mestre Ziza Edições. Sua pesquisa sobre o Chico Buarque e o Politheama resultou na reprodução da histórica camisa do Politheama de 1979 e na elaboração da fanzine Futebol Paixão – O Politheama do Chico.
Caso tenha interesse na camisa retrô e na fanzine, entre em contato com o Deriva dos Livros Errantes (https://linklist.bio/derivaerrante).
Pedro Henrique Gomes é escritor
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