Capital
Entrevista

“O Rio de Janeiro possui o parque hoteleiro mais moderno do País”

O presidente do HotéisRIO celebra a força do setor, mas chama atenção para a necessidade da tributação de plataformas como Airbnb

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27 de setembro de 2025
“O Rio de Janeiro possui o parque hoteleiro mais moderno do País”
O presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes. Crédito: Divulgação

Com seus encantos mil, o Rio de Janeiro é porta de entrada para milhares de turistas todos os anos, originários do exterior e de vários estados brasileiros. Mas, em um mundo cada vez mais digital, com novas preocupações e uma concorrência diferente, o trade turístico carioca enfrenta desafios diários. Para marcar o Dia Internacional do Turismo, celebrado neste sábado (27), conversamos com o presidente do Sindicato de Hotéis e Meio de Hospedagem do Município do Rio (HotéisRIO), Alfredo Lopes.

O mundo vive as novas tendências ESG e as urgentes questões climáticas. Como os hotéis devem se preparar para essa realidade?

Os hotéis realizam uma série de ações voltadas para a preservação do meio ambiente. Há desde a utilização de painéis solares para a geração de energia elétrica limpa ao reaproveitamento de resíduos sólidos. Outra frente é a substituição de garrafas pet e de vidro por latas, que são mais facilmente recicláveis. No interior do estado encontramos casos de sucesso de hotéis que geram sua própria energia e fazem compensação de carbono. As iniciativas são tantas que criamos uma categoria dentro do nosso Prêmio Top Hotel RJ, a Selo Verde, que reconhece as ações nessa área.  

Como está o cenário hoteleiro no Rio de Janeiro e quais as expectativas para o próximo 10 anos?

O Rio de Janeiro possui o parque hoteleiro mais moderno do país. Nos últimos anos, foi observada uma recuperação do mercado, após os anos de pandemia. Nossa proximidade com mercados domésticos emissores importantes, como São Paulo e Minas Gerais, favorece a malha aérea e, também, as viagens rodoviárias. Para o visitante estrangeiro, somos o cartão postal do país, a porta de entrada do Brasil.

Temos uma ótima expectativa para os próximos anos. Uma das formas de garantir o fluxo de turistas é a consolidação de um calendário de eventos robusto e variado, que contemple congressos, feiras de negócios, atividades esportivas e shows. Espetáculos como os de Madonna e Lady Gaga não apenas aumentam a ocupação hoteleira, mas trazem muitos benefícios para a imagem da nossa cidade.

O Rio de Janeiro está em constante transformação, com novos investimentos imobiliários em bairros antes esquecidos. Como a HoteisRIO vê esse crescimento?

Não há dúvidas de que o Rio é uma cidade vibrante. Por isso mesmo atrai a atenção de empreendedores, que não hesitam em destinar esforços na construção de novos imóveis. A região da Barra da Tijuca, por exemplo, vem experimentando um forte crescimento e atraindo investimentos. É uma região excelente para moradores e visitantes, com centros comerciais, espaços para shows e eventos e hotéis de primeira linha.  

No entanto, esses investimentos devem vir acompanhados de ações do poder público de forma a proporcionar condições para que os empreendimentos tenham o sucesso desejado. No caso do Centro, hoje o bairro tem toda uma infraestrutura e opções de transporte, graças a investimentos realizados pela Prefeitura.

O Rio está entre as cidades com maior oferta de vagas de Airbnb do mundo. Como a entidade vê esse tema, que está em discussão na Câmara de Vereadores?

A discussão é estratégica para o futuro do turismo carioca: não se limita apenas ao setor hoteleiro, mas envolve temas centrais como justiça tributária, concorrência leal, segurança jurídica e proteção ao consumidor. Queremos contribuir com o turismo sustentável e com todos os players do mercado para uma sociedade justa e equilibrada. É essencial que a sociedade debata a regulamentação das plataformas. Regular de forma equilibrada significa construir um ambiente de competição justa, garantindo desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento do Rio de Janeiro como destino turístico global.

O STF já estabeleceu que este tipo de intermediação realizada pelas plataformas é meio de hospedagem. Os novos modelos devem se submeter às mesmas obrigações do setor hoteleiro tradicional, como obrigações tributárias e regras sanitárias, para garantir a segurança dos clientes. Existem quase 70 mil imóveis no Rio destinados à hospedagem por curtos períodos e é importante que eles paguem impostos como o ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre o valor das hospedagens. Só o Airbnb movimenta cerca de R$ 2,1 bilhões por ano na cidade. A Prefeitura poderia arrecadar R$ 105,5 milhões, mas hoje não recebe nada de imposto sobre esse valor.

O Imagine, projeto de Roberto Medina, promete transformar o turismo na Barra da Tijuca. Quais as expectativas para o projeto?

Com previsão de inauguração até 2028, o Projeto Imagine promete transformar o Parque Olímpico em um dos maiores polos de entretenimento da América Latina. A expectativa é movimentar mais de R$ 9 bilhões na economia da cidade nos primeiros anos e gerar mais de 140 mil empregos — muitos deles diretamente ligados ao setor turístico e hoteleiro.

Distribuído em uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados na Barra Olímpica, o complexo vai contar com parque temático, resort com 750 apartamentos, centro corporativo, espaços para a indústria criativa, além de atrações inéditas como o Imagine Anfiteatro — com capacidade para 40 mil pessoas — e a charmosa Aldeia do Gelo, que terá pista de patinação, lojas de chocolate e cenografia inspirada em cidades geladas.

Para o setor hoteleiro, o impacto é promissor. O projeto tem potencial para ampliar a ocupação da rede na Zona Sudoeste e reduzir a sazonalidade nas hospedagens. O Imagine resgata o legado olímpico e cria um novo calendário turístico para a cidade, com conteúdo o ano inteiro. Isso é fundamental para manter os hotéis cheios, gerar postos de trabalho e valorizar toda a região.


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