*Por Marcos Luz
A Câmara Municipal de Teresópolis deu um passo vergonhoso rumo ao retrocesso. Sob o pretexto de garantir ordem e combater o barulho, vereadores aprovaram uma lei que impõe toque de recolher e restringe apresentações de música ao vivo. Uma medida absurda, autoritária e descolada da realidade.
É preciso dizer com todas as letras: não se combate violência e nem se organiza uma cidade sufocando cultura, calando artistas e impondo censura disfarçada de lei. O que se aprovou em Teresópolis não é política pública — é uma demonstração de incapacidade de governar, um atestado de incompetência de quem deveria propor soluções equilibradas.
O impacto é devastador. Músicos, técnicos, garçons, empresários e comerciantes veem seu sustento ameaçado. O turismo, motor econômico da região, perde força. E a cidade, que poderia se firmar como polo cultural da serra fluminense, arrisca ficar conhecida como a terra onde a arte foi proibida.
Ao invés de fortalecer a fiscalização contra abusos e dialogar com os setores envolvidos, a Câmara preferiu a via da interdição, típica de regimes que temem a liberdade e desprezam a pluralidade. Não é exagero: proibir música e limitar a circulação de pessoas à noite é comportamento de ditadura, não de democracia.
O Ministério Público já apontou a inconstitucionalidade da lei. Mas, ainda que seja derrubada judicialmente, a mancha política permanece. Os vereadores que aprovaram essa aberração precisam ser lembrados nas urnas por tentarem transformar Teresópolis em uma cidade do silêncio forçado.
Enquanto o mundo civilizado entende a cultura como motor de desenvolvimento, Teresópolis vê seus representantes escolherem a trilha do atraso. É hora de a população reagir, artistas se mobilizarem e a sociedade dizer basta. Porque uma cidade sem música, sem vida e sem liberdade é apenas um lugar condenado ao vazio.

*O empresário Marcos Luz é presidente do Conexão Fluminense
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