O que óleo de cozinha usado e detergente têm a ver com o meio ambiente? Em São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense, eles são a materialização de um projeto ambiental.
A iniciativa existe desde 2018 e tem o nome de “Óleo Legal”. A proposta é incentivar moradores e comerciantes a realizar o descarte correto do óleo de cozinha utilizado. A cada entrega de dois litros da substância, a pessoa recebe um litro de detergente, que é produzido com o próprio material descartado.
“A ideia surgiu do técnico em Meio Ambiente, Douglas Ferreira. Inicialmente, ele mesmo ficou responsável por transformar o óleo descartado em detergente. Com uma receita própria e de maneira artesanal, a demanda aumentou em paralelo com a conscientização dos moradores. No ano seguinte, estabelecemos um convênio com uma empresa especializada”, contou a secretária municipal de Meio Ambiente, Luciana Soffiati.
Entre janeiro de 2023 e setembro deste ano, 3.116 litros de óleo de cozinha foram descartados nos seis pontos estabelecidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A informação é da GR Agrária, empresa responsável pela coleta do material e transformação em detergente.
Diego Queiroz, que atua no setor administrativo da empresa, informou que o óleo é coletado pela filial estabelecida em Travessão de Campos, em Campos dos Goytacazes. Em seguida, o material é encaminhado para a matriz, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No local, o óleo passa por uma cadeia de procedimentos. “Ele, então, é 100% reciclado até ser transformado em sabão pastoso em barra ou líquido”, afirmou.
O município é cortado por dois rios importantes, o Itabapoana e o Paraíba do Sul. Outras características são os cerca de 60 quilômetros de litoral, além de sediar um dos maiores manguezais do Estado e a Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba. De acordo com a secretária de Meio Ambiente, o projeto contribui para a preservação desta diversidade de fauna e flora existentes.
“O descarte no ralo da pia é totalmente irregular. Este tipo de atitude contribui para a contaminação dos lençóis freáticos, que contaminados podem prejudicar animais, como peixes, como também a vegetação. Além disso, pode prejudicar a irrigação, já que estamos em um município com economia focada no setor agrícola”, destacou.
Além dos ganhos ambientais, o “Óleo Legal” é fonte de recursos para a municipalidade. A secretária explica que o projeto contribui para que o município pontue e arrecade através do ICMS Ecológico.
Luciana explica que este tipo de recurso é direcionado pelo Governo do Estado especificadamente para conservação ambiental. A propoção do que é arrecadado considera as políticas desenvolvidas na cidade para a área. “Após o início do projeto, a cidade passou a receber mais valores deste tipo. Isso possibilitou o desenvolvimento de mais ações”, explicou.
Soffiati observa que, no decorrer da evolução do projeto, a participação do comércio local aumentou. Ela relata que estabelecimentos, como peixarias e do setor alimentício, contam com uma rotina de descarte. O segmento é responsável por parcela significativa do óleo coletado.
Um dos mais assíduos é Luciano da Costa, que é proprietário de um quiosque há cerca de 10 anos, na praia de Manguinhos. Além de prezar pelo descarte correto em seu comércio, ele também estimula outros empresários a fazer o mesmo.
“Esta é uma maneira fundamental de preservar o meio ambiente. Sempre que vou à sede da Sema entregar o óleo, faço questão de tirar uma foto para incentivar que outras pessoas tenham a mesma atitude”, disse.
Luciano explica que costuma fazer entregas de 20 litros de óleo. Segundo ele, esta quantidade é alcançada entre dois e três meses, mas o tempo costuma ser menor em períodos de alta temporada.
A secretária de Meio Ambiente pede que a população armazene o óleo utilizado em garrafas PET, sem adição de água e alimentos.
Os pontos de coleta são:
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