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Campeonato Nacional

Quilombola de Quissamã é destaque em campeonato de poesia

“Saudação a Zumbi dos Palmares” foi a poesia cantada pela quilombola Dalma dos Santos Ricardo, de 61 anos.

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11 de dezembro de 2024
Julio Cesar
Quilombola de Quissamã é destaque em campeonato de poesia
Quilombola se destacou entre os quatro melhores do Brasil.

Mulher preta, quilombola, esposa, mãe, avó, professora, mestre jongueira, contadora de histórias, escritora e agora, poetisa. Esses são apenas alguns dos muitos predicados de Dalma dos Santos Ricardo, que tem suas raízes fincadas em Machadinha, no município de Quissamã, no Norte Fluminense.

Aos 61 anos, ela conquistou o primeiro lugar no Rio de Janeiro do Campeonato Nacional Quilombola de Poesia Falada. A competição é organizada promovido pela Festa Literária das Periferias. O evento aconteceu em novembro, no Circo Voador, na capital fluminense.

Dalma também se destacou entre os quatro melhores do Brasil e superou, assim, participantes de outros estados. Ela comemorou a descoberta de sua nova identidade como poetisa.

“Os jongueiros também são poetas. Eu não sabia disso até o evento. Falaram lá, e agora eu entendo. Somos poetas, porque a poesia é a voz poética dos remanescentes dos quilombos. Seu Gilson, nosso mestre, também é poeta. A poesia expressa sentimentos, pensamentos e estado de espírito, e o ponto do jongo traz tudo isso. Estou muito feliz por ter chegado até aqui, muito feliz por representar o meu lugar”, disse.

Quilombola tem atuação na área educacional

Além de “Saudação a Zumbi dos Palmares”, poesia cantada por ela no concurso, Dalma também recitou uma poesia inspirada na obra Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. O talento e a conexão com suas raízes foram destaques.

Com uma trajetória marcada pela educação, ela já atuou como professora na Escola Municipal Felizarda Maria da Conceição Azevedo e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Há alguns anos, é diretora do Memorial do Quilombo Machadinha, e é uma das principais referências quilombolas em Quissamã.

“Aqui, a gente educa e ensina as crianças sobre o lugar onde vivem, utilizando os pontos de jongo escritos por eles e nossos antepassados. Agora, com a poesia, vou trabalhar também com as crianças, pois, sendo poetisa, posso enriquecer ainda mais o nosso aprendizado”, revelou.


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