Com projeto da arquiteta Bel Lobo e um acervo de três mil livros de um dos maiores críticos da música brasileira, a Biblioteca Municipal Lúcio Rangel foi inaugurada na última quarta-feira (26), na Tijuca, Zona Norte da capital fluminense.
A biblioteca funciona dentro do Centro da Música Carioca Artur da Távola. O imóvel, de 1921, é tombado pelo município. A mais nova unidade pública de leitura abre as portas com vocação para a literatura musical. Maria Lúcia Rangel disponibilizou um acervo do pai, Lúcio do Nascimento Rangel, jornalista, colecionador e produtor musical. Ele é considerado por muitos o pai da crítica musical brasileira.
Inauguração integra Bibliotecas do Amanhã
O Bibliotecas do Amanhã visa a revitalizar e modernizar bibliotecas e salas de leitura da rede municipal, com diversidade de conteúdo, acessibilidade, participação comunitária, sustentabilidade das ações, espaços flexíveis e avaliação contínua. Através do programa Cultura do Amanhã, a Prefeitura do Rio promove uma série de obras de reforma, modernização e requalificação de 22 de seus 55 equipamentos culturais. O investimento ultrapassa R$ 75 milhões.
“É uma biblioteca que tem um apelo incrível e está dentro de um lugar que também é incrível, que é o Centro da Música Carioca. É uma biblioteca especializada em música, um acervo riquíssimo, com obras que fizeram parte da trajetória do saudoso Lúcio Rangel, o pai da crítica musical brasileira. Mais uma entrega antecipada do Rio Capital Mundial do Livro, em 2025.”, comentou a gerente de Livro e Leitura na Secretaria Municipal de Cultura, Aladia Araujo.
Projeto da biblioteca contou com reflorestamento
Com projetos importantes em seu portifólio, a arquiteta Bel Lobo foi responsável pelo trabalho executado na Biblioteca Parque Estadual do RJ e também de uma biblioteca pública do Ceará. Em seu mais novo trabalho do gênero, a Biblioteca Lúcio Rangel, todo mobiliário foi desenvolvido com madeira pinus.
“É de reflorestamento, muito usada para mobiliário pois é leve, fácil de trabalhar e muito resistente. Optamos em manter a madeira na cor natural. A gente tem que criar uma maneira de se relacionar com o livro, criando mais formas de sentar, de se relacionar com o livro e com o espaço”, explicou.
O Centro da Música Artur da Távola ocupa o antigo Palacete Garibaldi, de estilo inspirado no medieval francês, projetado por Gaspar José de Souza Reis. O imóvel também dispõe de um estúdio de gravação. No prédio anexo ao palacete, há um auditório com 159 lugares, a Sala Maestro Paulo Moura. Na ocasião da inauguração, houve uma apresentação gratuita de jazz com o Duo Livia Fred, voz e guitarra.
Filha de Lúcio Rangel destaca acervo da biblioteca
-É lindo que eu estou deixando para todo mundo, né? Todo mundo vai ter a possibilidade de ler um livro desses, que são coisas que estão sumindo. Acho que todas são especiais, mas pela obra do Pixinguinha tenho um carinho especial, porque meu pai me apresentou Pixinguinha. É tudo primeira edição, a maioria tem dedicatória. Eu virei jornalista por causa dele, que me levou à casa do Cartola, na Mangueira, para tomar um drinque com o Pixinguinha. Então ,eu conheci esse pessoal todo. Fiquei amiga do Vinícius, do Tom – comentou Maria Lúcia Rangel, que se graduou em jornalismo por causa do pai.
Lúcio Rangel ganhou importância para a história da música brasileira principalmente por seu trabalho como diretor e redator da Revista da Música Popular, publicada entre 1954 e 1956. Foi ele quem apresentou Tom a Vinicius, em 1956, no Villarino, onde teve início o projeto que desencadeou a peça “Orfeu da Conceição”.
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