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História

O parque que protege a memória do apogeu de São João Marcos, no Sul Fluminense

À beira da RJ-149, no município de Rio Claro, está o primeiro parque arqueológico urbano do Brasil. É o resgate do apogeu de São João Marcos.

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21 de maio de 2022
O parque que protege a memória do apogeu de São João Marcos, no Sul Fluminense
As ruínas de São João Marcos são protegidas pelo Parque Arqueológico. Crédito: Divulgação

Faça um exercício. Pergunte a quem está a sua volta se a pessoa ouviu falar no município de São João Marcos, no Sul Fluminense. Em seguida pergunte se ela sabe onde fica o primeiro sítio arqueológico urbano do Brasil. Para responder, tenha este breve texto na ponta da língua. É breve pois para viver de perto a magia desta história é preciso ir pessoalmente ao Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, no município de Rio Claro, no Sul Fluminense.

Em meados dos anos 1730, em um Rio de Janeiro que tinha sua economia praticamente toda dependente da produção de café, foi construída na região onde hoje se encontra o município de Rio Claro, uma capela em homenagem ao Santo João Marcos.

Como era comum naquela época, iniciou-se um povoamento ao redor do templo construído pelo fazendeiro João Machado Pereira. Logo veio o crescimento sob a bênção de uma terra propícia para o cultivo do café. A região viveria anos de desenvolvimento rápido e em 1850 atingiria seu apogeu.

Naquela época, São João Marcos chegou a ter em seu núcleo urbano e área rural cerca de 18 mil habitantes. Vale lembrar, no entanto, que do total dos moradores, 8 mil eram escravos sob a propriedade do Comendador Joaquim José de Souza Breves, o maior cafeicultor da região. Para efeito de comparação, a cidade de Rio Claro, sede do município onde São João Marcos se encontra, tem hoje cerca de 18 mil habitantes.

A queda de São João Marcos

A área urbana de São João Marcos contava com escolas públicas, câmara municipal, hospital e até teatro, agências dos Correios, clubes e time de futebol. Um de seus filhos ilustres é Francisco Pereira Passos, que quando foi prefeito da capital fluminense foi responsável por uma polêmica transformação urbana na cidade.

Com a abolição da escravatura e o posterior declínio da cultura de café no Rio de Janeiro, a cidade deixou para trás o desenvolvimento e viu sua população cair vertiginosamente, mas continuou sua trajetória como um bucólico local que chegou a ostentar o fato de estar entre as mais importantes cidades do interior do Rio.

Mas tudo acabaria exatamente um ano após o tombamento da cidade pelo órgão de proteção do patrimônio histórico e artístico da época, em 1939. O então presidente da República, Getulio Vargas, decretou o destombamento para que a cidade fosse desocupada, já que seria demolida. O motivo era o alagamento do perímetro urbano para aumentar a capacidade do reservatório de Ribeirão das Lajes.

Em 1990, a Ponte Bela e as ruínas do centro histórico de São João Marcos foram tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e em 2008 começou a história do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, que realiza um valoroso trabalho de redescoberta e proteção da história do apogeu da então promissora cidade de São João Marcos.

O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos é um espaço educativo e cultural de propriedade da Light mantido com o patrocínio da empresa e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Em 2017, o projeto passou também a receber recursos do Programa de Eficiência Energética (PEE), autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).