Prédio da Cedae na capital fluminense. Crédito: Reprodução
*Por Marcos Luz
Na ocasião da privatização da Cedae a bandeira da “modernização e eficiência” dos serviços prestados pela companhia foi flamulada nas alturas. Mas, quatro anos após o leilão, a prática mostra a justa e evidente insatisfação da população com contas mais caras, falhas constantes no abastecimento e falta de clareza nas respostas por parte da companhia e suas concessionárias.
O cenário pressiona o governo de Cláudio Castro, que não consegue se mexer com efetividade em meio às críticas e questionamentos sobre a legalidade e eficácia do movimento de privatizar a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro.
À época da realização do leilão de concessão o governo do Rio explicava aos contrários à ideia que o movimento traria ampliação do tratamento de esgoto, melhoria no fornecimento de água e mais investimentos em infraestrutura.
Mas, para muitos cariocas e fluminenses, a realidade tem sido o oposto, independente da área de concessão. Moradores de diversas cidades abastecidas pelas empresas de abastecimento de água têm em comum a rotina de reclamação do serviço falho
Segundo o Procon-RJ, as reclamações contra as novas empresas (Águas do Rio, Iguá e Rio + Saneamento) aumentaram entre 2022 e 2024, principalmente por interrupções de fornecimento, cobranças indevidas e atendimento ineficiente. Mesmo assim, o governo estadual não aplicou sanções públicas relevantes até o momento.
Além da má qualidade do serviço, pesam suspeitas sobre os bastidores do processo de concessão. A licitação, organizada sob a gestão do governo de Cláudio Castro, foi questionada por parlamentares da oposição por possíveis favorecimentos a grandes grupos econômicos. O Ministério Público abriu procedimentos para apurar eventuais irregularidades. Os processos seguem em sigilo.
Em entrevistas anteriores, o governador Cláudio Castro afirmou que “a concessão da CEDAE foi um passo necessário para garantir eficiência no saneamento”. No entanto, a população fluminense não parece convencida.
Movimentos sociais e associações de moradores exigem mais transparência e já organizam protestos cobrando revisão dos contratos e redução nas tarifas. Em 2020, pouco antes da privatização os rumores da criação de uma CPI da CEDAE eram fortes e podem voltar à tona agora.
As críticas sobre as tarifas não têm origem somente nas camadas mais populares da população e faz acender luz de alerta na cabeça de quem pensa o desenvolvimento do Rio.
Empresários do ramo de comércio reclamam que desde a privatização da CEDAE passou a vigorar uma nova política de cobrança que impõe tarifas fixas mensais de água, independentemente do consumo real.
Em alguns exemplos, lojas que não possuem ponto de água, pia ou banheiro passaram a receber contas de aproximadamente R$ 800 por mês. Isso significa que a conta mensal do empreendimento, antes em torno de R$ 90 mil, ultrapassa hoje R$ 300 mil.
Os empresários ressaltam que tal medida faz jogar pelo ralo projetos sustentáveis como o de reuso de água, que agora perde seu propósito, já que a cobrança é feita com base em uma lógica que ignora o volume consumido.
Prestes a completar 50 anos a CEDAE foi transformada em um reduto de apadrinhamento e práticas administrativas no mínimo anti éticas.
Em suma, o que era vendido como solução estrutural para o Rio se torna um novo capítulo de crise na gestão pública estadual — com consequências diretas para milhões de pessoas.
*O empresário Marcos Luz é presidente do Conexão Fluminense
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