Nas entrelinhas da notícia

TEA, TDAH e Altas habilidades – Eles sempre estiveram entre nós – Parte II

*Por Professor Hélvio Costa

O que é autismo? Se essa pergunta fosse feita a dez anos atrás, certamente a grande maioria da população mundial não saberia nada a respeito. Nesse caso, ao menos um avanço devemos comemorar, pois ao menos a palavra Autista, tornou-se comum mesmo que na maioria dos casos não se conheça sua completa definição e carga semântica.

No Brasil , ainda não é inteiramente possível se apresentar um panorama exato do número de pessoas diagnosticadas com o transtorno do espectro autista (TEA) porém, em nível mundial segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção – ABDA, estima-se que esse número esteja entre 5% e 8%.

Se considerarmos uma população mundial de 8,2 bilhões, falaremos de uma pequena multidão de 410 milhões de indivíduos diagnosticados com algum tipo de transtorno ou habilidade específica que a depender do nível, serão imperceptíveis com pouco ou quase nenhum impacto no convívio sociofamiliar ou se em nível mais elevado torna extremamente difícil a relação social.

Por força da Lei 13.861/2019, o IBGE a incluiu em suas pesquisas, questões especificas ligadas ao TEA no último censo 2022. Um grande avanço em direção ao mapeamento nacional da população de autistas em cada região do país.

Segundo Auguste Comte precisamos saber para prever, prever para prover, com tais informações certamente nossos governantes saberão e sabendo irão prever e prevendo, poderão prover ações públicas bastantes e necessárias a fim de promover e garantir a dignidade e a cidadania que são garantias fundamentais defesas em nossa constituição.

Em palavras mais simples o Autismo é um transtorno e um transtorno é uma condição psicológica ou mental que a depender do nível pode comprometer a vida normal de uma pessoa uma vez que provoca alterações na comunicação social, no comportamento, nas reações sensoriais, tendo reações diferentes a simples estímulos cotidianos e é justamente essa diferença de reação a estímulos onde esperamos reações esperadas que os coloca o autista em posição diferente ou melhor em uma condição especial.

O primeiro desafio reside no fato de olhar para eles(a) como nossos semelhantes e mesmo sendo o transtorno uma condição permanente “sem cura” os avanços científicos tanto psicológicos quanto neurológicos evidenciam que a quanto mais precoce for a intervenção após o conhecimento melhores serão as possiblidades clínicas e ou terapêuticas de modo a diminuir ou trazer a níveis mais confortáveis as características do comuns ao transtorno.

Segundo a Organização Mundial da Saúde seguindo o padrão global para informações de diagnóstico de saúde, a denominação oficial é Transtorno do Espectro Autista (TEA) e desde janeiro de 2022, a CID 11 passou a englobar como TEA todos os transtornos e síndromes relacionadas.

O Autismo é classificado levando em consideração o nível de dependência da pessoa e de quão intensas são as características de cada indivíduo. Nesse caso temos os níveis 1,2 e 3. Porém mesmo no mesmo nível nenhum caso é igual ao outro, pois existem peculiaridades quanto a independência e autonomia, assim como qual a dificuldade que ela eventualmente possa encontrar para estabelecer e cultivar suas relações interpessoais.

No nível 1 onde o Autista apresenta um uma déficit na comunicação social tendo pouco interesse por interações sociais e mesmo sendo simples existe a necessidade de apoio especializado , no nível dois esse déficit já é mais grave incluindo a comunicação verbal e não verbal nesse caso as limitações são bem acentuadas exigindo apoio mais substancial e por fim no nível 3 onde o apoio é absolutamente indispensável pois existe grave déficit na comunicação verbal com gravíssimos prejuízos funcionais

Outro grande desafio é o que se refere a aprendizagem do autista, pois com o devido apoio especializado pessoas diagnosticadas com TEA podem ter avanços significativos no processo de aprendizagem desde que devidamente estimulados. O quanto antes o tratamento especializado juntamente com as terapias e intervenções indicadas ao nível de autismo melhores são as chances de aprendizagem efetiva.

As intervenções devem ser feitas por equipes multidisciplinares formada por pedagogo, professor, educador físico, assistente social, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, dentre outros.

O que percebemos é que um esforço coletivo deve ser feito de modo a um diagnóstico prévio de modo que as intervenções iniciem o quanto antes, essa deve ser a nossa cobrança, que nossos governantes olhem para essa real necessidade que assola nosso semelhante.


Professor Hélvio Costa é jurista e professor universitário

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