*Por Flávio Cure
Os testes genéticos para doenças cardiovasculares representam uma ferramenta crucial para identificar mutações ou variações genéticas associadas a um risco aumentado de desenvolvimento de condições cardíacas. Abaixo estão descritos alguns dos testes genéticos mais comuns e suas aplicações clínicas:
1. Teste para Hipercolesterolemia Familiar (FH): Este teste visa detectar mutações nos genes LDLR, APOB e PCSK9, que são responsáveis por níveis elevados de colesterol LDL. A presença dessas mutações está associada a um aumento significativo no risco de doença arterial coronariana precoce. Pacientes diagnosticados com FH podem receber intervenções precoces, incluindo mudanças no estilo de vida e medicação para controle de colesterol, reduzindo assim o risco de eventos cardíacos.
2. Teste para Cardiomiopatia Hipertrófica (HCM): A HCM é uma doença genética que causa o espessamento anormal do músculo cardíaco, o que pode levar a insuficiência cardíaca e arritmias. Este teste analisa mutações nos genes MYH7, MYBPC3 e TNNT2. Identificar a presença de HCM permite monitoramento contínuo e, em alguns casos, a recomendação de intervenções que reduzem o risco de eventos cardíacos súbitos.
3. Teste para Síndrome do QT Longo: A síndrome do QT longo é um distúrbio genético que afeta a atividade elétrica do coração e pode provocar arritmias graves e parada cardíaca. Testes para variações nos genes KCNQ1, KCNH2 e SCN5A são cruciais para o diagnóstico. Com a identificação precoce, é possível recomendar ajustes no estilo de vida e tratamentos que minimizam o risco de eventos cardíacos súbitos.
4. Teste para Síndrome de Marfan: A Síndrome de Marfan é uma condição hereditária que afeta o tecido conjuntivo, com risco aumentado de aneurismas e outras complicações cardiovasculares. Mutações no gene FBN1 são comumente testadas para diagnóstico. Pacientes identificados com a síndrome podem ser monitorados quanto ao risco de dilatação da aorta e receber tratamentos preventivos.
5. Teste para Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventrículo Direito (ARVC): Esta condição é caracterizada pela substituição do músculo cardíaco por tecido fibroso e adiposo, levando a arritmias e aumentando o risco de morte súbita. O teste genético para ARVC busca mutações nos genes PKP2, DSP e DSG2. A identificação da doença permite intervenções preventivas e monitoramento regular.
6. Teste para Cardiomiopatia Dilatada (DCM): A DCM envolve o aumento e enfraquecimento das câmaras do coração, afetando a capacidade de bombeamento. Genes como TTN, LMNA e MYH7 estão associados a essa condição. Testes genéticos para DCM ajudam a identificar pacientes em risco e a implementar medidas para prevenir a progressão da doença e suas complicações.
7. Teste Genético para Fibrilação Atrial: A fibrilação atrial é uma arritmia comum que aumenta o risco de AVC e insuficiência cardíaca. Testes para variações nos genes KCNN3 e NAB2 podem ajudar a identificar indivíduos com maior predisposição. Intervenções precoces, como anticoagulação e controle de ritmo, podem ser planejadas com base nos resultados genéticos.
8. Teste para Síndrome de Brugada: Esta síndrome é uma desordem genética que afeta o ritmo cardíaco e pode levar a paradas cardíacas, especialmente em adultos jovens. O teste genético foca em mutações no gene SCN5A, cuja identificação permite a implementação de estratégias preventivas e, em alguns casos, a colocação de desfibriladores.
9. Teste para Hemocromatose Hereditária: A hemocromatose é uma condição de sobrecarga de ferro que pode causar danos a múltiplos órgãos, incluindo o coração. O teste genético busca mutações no gene HFE. A detecção precoce permite controlar os níveis de ferro no sangue, reduzindo o risco de complicações cardíacas.
10. Teste para Síndrome de Ehlers-Danlos: Esta síndrome afeta o tecido conjuntivo e pode causar complicações cardiovasculares devido à fragilidade vascular. Testar mutações nos genes COL5A1 e COL5A2 é útil para o diagnóstico. Com a identificação, é possível realizar monitoramentos cardiovasculares regulares para prevenir rupturas arteriais e outros eventos graves.
Esses testes genéticos desempenham um papel fundamental na identificação precoce de indivíduos com predisposição para doenças cardiovasculares graves. Ao determinar com precisão quem está em maior risco, eles possibilitam que os profissionais de saúde adotem uma abordagem de tratamento altamente personalizada. Além de auxiliarem na escolha de intervenções preventivas, como ajustes no estilo de vida e prescrições medicamentosas específicas, esses exames são essenciais para o planejamento de cuidados a longo prazo.
Em última análise, esses testes promovem uma medicina mais precisa e proativa, na qual o foco não está apenas no tratamento de doenças, mas na prevenção e no cuidado contínuo, ajudando a minimizar complicações cardiovasculares futuras.
Flávio Cure Palheiro é cardiologista, coordenador do Centro de Estudos do Hospital Copa Star.
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