Educação
GRADUAÇÃO

UFF se torna 1ª universidade federal do RJ com cotas para trans

A partir de 2025, as cotas vão reservar para estudantes trans 2% das vagas da graduação. Medida já acontece no mestrado e doutorado.

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24 de setembro de 2024
Julio Cesar
UFF se torna 1ª universidade federal do RJ com cotas para trans
UFF estima que mais de 300 pessoas sejam beneficiadas no primeiro ano da política de cotas. (Foto: Paula Fernandes, UFF)

A Universidade Federal Fluminense (UFF) se tornou a primeira instituição federal de ensino superior do Rio de Janeiro a criar cotas para pessoas trans em cursos de graduação. A decisão foi aprovada no último dia 19 pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

A partir de 2025, serão reservados para estudantes trans 2% das vagas dos cursos de graduação. A expectativa da universidade é que mais de 300 pessoas sejam beneficiadas com ingresso no ensino superior no primeiro ano da política de ação afirmativa.

A instituição é sediada em Niterói, no Leste Fluminense, e conta atualmente com cerca de 66 mil alunos e nove campi no estado.

UFF afirma que cotas são resultado de diálogo

“A UFF fez história”. A comemoração é da pró-reitora de Assuntos Estudantis, Alessandra Siqueira Barreto. Ela ressaltou que as discussões que levaram à aprovação das cotas são fruto de protagonismo dos estudantes e diálogos com a administração da universidade.

“Foi um processo de escuta ativa. Os coletivos de estudantes trans da universidade se movimentam para defender as suas pautas e levam essa proposição para a gestão. A minuta foi construída conjuntamente, e isso traz uma força para esse processo”, explica.

Cotas já existem na pós-graduação

Na UFF, 18 cursos de mestrado e doutorado já reservavam vagas para estudantes trans. Com a nova política, todos os programas devem disponibilizar ao menos uma vaga a partir do próximo ano.

A pró-reitora disse que será criada uma banca de heteroidentificação para participar do processo de ação afirmativa, uma demanda dos coletivos. A heteroidentificação é um procedimento complementar à autodeclaração. Ela consiste na percepção de outras pessoas sobre a autoidentificação do candidato.

Permanência estudantil

Alessandra Barreto garantiu que a universidade manterá contato próximo com os cotistas trans. O objetivo é oferecer um acolhimento que sirva de escudo para comportamentos preconceituosos e discriminatórios. Segundo ela, 50% das bolsas acadêmicas oferecidas são destinadas ao universo de todos os alunos cotistas. “Não é só o ingresso. A gente precisa criar agora os protocolos de permanência estudantil”, disse.

De acordo com a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Bruna Benevides, “a luta da organização vai além do ingresso nas universidades, defendendo a permanência e o sucesso acadêmico das pessoas trans”.

Cotas devem ser criadas em outras universidades

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é outra instituição que pode criar esta em cursos de graduação. Em agosto, a instituição de ensino divulgou um cronograma sobre debate interno.

Com a UFF, ao menos 12 instituições de ensino federais adotam política de cotas para a população trans. A mais recente a fazer parte da lista foi a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A decisão foi comunicada em 11 de setembro.

Em todo o país, a Lei 14.723/23 determina que instituições federais de educação superior reservem vagas para “estudantes pretos, pardos, indígenas e quilombolas e de pessoas com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio ou fundamental em escola pública”.


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