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Volta Redonda atende pessoas em situação de rua

As pessoas em situação de vulnerabilidade social tem acesso a serviços de saúde em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Isso porque eles participam do programa Consultório na Rua (CnaR), criado pelo Ministério da Saúde.

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22 de janeiro de 2024
Vinicius
Volta Redonda atende pessoas em situação de rua
Equipe em Volta Redonda faz atendimento com equipe especializada. Fotos: Geraldo Gonçalves – Secom/PMVR

As pessoas em situação de vulnerabilidade social tem acesso a serviços de saúde em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Isso porque eles participam do programa Consultório na Rua (CnaR), criado pelo Ministério da Saúde. Quem atende as pessoas é uma equipe da Atenção Primária em Saúde – composta por médico, psicólogo, assistente social, enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar administrativo e motorista –, a iniciativa garante a prevenção, promoção e reabilitação da saúde das pessoas em situação de rua.

Recentemente, o “Consultório na Rua” divulgou os números referentes ao período de 2022 a 2023 na cidade. A equipe trabalha em Volta Redonda com atendimento itinerante, a partir do mapeamento da população em situação de rua por território, garantindo a eles o acesso à rede de cuidado que o município oferece. Os usuários são atendidos no período diurno ou noturno todos os dias da semana.

De acordo com os dados de atendimento do último ano, apresentados ao Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para Pessoas em Situação de Rua, a Equipe de Consultório na Rua cadastrou 240 homens. A faixa etária predominante no gênero masculino vai dos 30 aos 49 anos (141 do total). Entre as mulheres, 33 encontram-se cadastradas, e a maioria delas (23) está na faixa entre os 30 e 49 anos. A única adolescente cadastrada encontra-se em uma instituição de acolhimento infantil.

Atenção à saúde em Volta Redonda

Uma das principais preocupações do programa em Volta Redonda diz respeito à questão da saúde, desde as doenças e agravos não transmissíveis, incluindo aí a vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A lista inclui, entre outros, os problemas cardiovasculares, neoplasias, diabetes, doenças respiratórias crônicas, uso de álcool, tabaco e outras substâncias, além de questões como a alimentação não saudável, acidentes e ocorrências de violência.

Entre as incumbências das equipes estão estão fazer o acolhimento, acompanhar de forma próxima a sua população, reconhecer os determinantes sociais dos agravos em saúde e realizar ações de promoção da saúde de forma direta. Os atendimentos realizados pela equipe significam a construção do acesso das pessoas às políticas de saúde e, segundo o coordenador do Consultório na Rua, o psicólogo Maicon de Ávila Oliveira, o primeiro e maior objetivo da equipe é possibilitar o acesso ao cuidado longitudinal e integral em saúde, possibilitando acesso às linhas de cuidado em todos os ciclos da vida.

“Concretamente são realizados atendimentos médicos, psicológicos, de enfermagem, exames, são disponibilizadas medicações, ações de vacinação, bem como encaminhamentos para consultas, acompanhamento de pessoas com doenças crônicas, realização das ações de pré-natal, exames, diagnóstico e tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, ações de promoção de saúde mental e de articulação de redes de apoio, sejam formais ou informais”, elencou ele.

“O conjunto dessas ações traduz uma aproximação e visibilização das Pessoas em Situação de Rua para as políticas públicas municipais, gerando dados de saúde pública, visibilidade sobre pautas ligadas ao tema dos Direitos Humanos, demandas para o campo da Assistência Social, ligadas a geração de emprego e renda, o que em geral compreendemos como construção da cidadania e acesso digno”, acrescenta.

Aproximação e acompanhamento

Entretanto, para realizar tais ações, é preciso alcançar êxito logo no primeiro contato, pois trata-se de um grupo social marginalizado que costuma viver em constante clima de desconfiança, que acaba sendo mútuo. Maicon explica que esse contato inicial tem como primeiro objetivo a produção do vínculo de confiança.

“Uma aproximação que envolve a nossa identificação, a informação sobre nosso trabalho e objetivo e a escuta das demandas e necessidades em geral. O processo de escuta, acolhimento e avaliação em saúde deve ocorrer sem quaisquer formas de julgamento ou avaliação moral sobre cultura, modos de vida, hábitos da população, isso é fundamental para construção da confiança”, relata o psicólogo.

O coordenador acrescenta que, ao se estabelecer um contato próximo e mantendo-o de forma rotineira (semanalmente ou quinzenalmente), é possível fortalecer as relações de confiança na medida em que a população segue percebendo que a função da equipe é produzir relações de apoio e cuidado nos ambientes da própria rua.

A equipe do Consultório na Rua trabalha, ainda, com a conscientização das pessoas em situação de rua sobre o acesso aos serviços oferecidos pelo governo municipal – pelos Cras (Centros de Referência de Assistência Social), Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e o Centro Especializado de Atendimento à População em Situação de Rua (Centro Pop), entre outros. Segundo o coordenador da iniciativa, houve uma ampliação significativa de acesso a esses equipamentos.

Atenção à população feminina

As mulheres, que são minoria nesse grupo, enfrentam condições que necessitam de atenção especial. A equipe do programa identificou nada menos que 94 gestações (2,76 gestações por mulher), incluindo partos normais, cesáreas, relatos que não foram especificados pelas mulheres no momento de acolhimento e abortos.

No momento, a equipe do programa acompanha duas puérperas e realiza o planejamento familiar – acompanhado por contracepção trimestral – com cerca de dez mulheres, mantendo o monitoramento das datas das injeções aplicadas e realizando a busca ativa e/ou comunicação com municípios vizinhos no caso das usuárias que tenham migrado. A oferta é direcionada a todas as mulheres, cabendo a elas aceitar a proposta.

“No caso do atendimento nos cuidados em saúde da mulher, trabalhamos em parceria com as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs) da cidade e procuramos realizar o acesso sem qualquer burocracia para garantir a realização de preventivos, das consultas de pré-natal, disponibilização de contracepção ou para ações de planejamento familiar. Procuramos fazer isso a partir da disponibilidade das próprias usuárias, sem necessidade de fila de espera ou comprovante de residência. Caso necessário, realizamos também o próprio transporte das usuárias até a realização do exame”, disse o coordenador.

Em caso de outras necessidades – como, por exemplo, em decorrência de situações de violência –, a equipe também acompanha a usuária por outros atendimentos, a depender da necessidade, como em hospitais ou no Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).


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