A capital fluminense e Niterói, no Leste Fluminense, estão entre as primeiras do Brasil a adotar o método Wolbachia no combate à proliferação do Aedes aegypti. O mosquito é transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
A introdução de novas tecnologias de controle vetorial faz parte do Plano de Ação 2024/2025 do Ministério da Saúde. O objetivo é reduzir os impactos das arboviroses.
O método foi desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP) em parceria com a Fiocruz. Ele interfere na capacidade de transmissão do vírus pelo mosquito, ao torná-lo menos eficiente na disseminação das doenças.
Casos chegaram a cerca de 70% com combate a Aedes
Niterói foi a primeira cidade brasileira a ter 100% do território coberto pelo método. Desde então, apresenta redução nos números de casos da doença. Em 2021, quando 75% da cidade estava coberta, o método resultou em uma redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de zika.
No Rio de Janeiro, 29 bairros da Ilha do Governador e adjacências já têm a presença dos mosquitos com a Wolbachia. A liberação dos insetos nessas regiões ocorreu até 2021, quando ocorreu algumas liberações pontuais. Nessas localidades, acontece acompanhamento epidemiológico para identificar o impacto do método sobre a transmissão das arboviroses. No ano passado, o método foi expandido para mais três bairros do Rio de Janeiro: Centro, Caju e Ilha de Paquetá.
Ministério quer expandir projeto
Uma das metas do Ministério da Saúde é expandir a metodologia Wolbachia para mais 40 municípios em 2025. Até o momento, cerca de 4 milhões de habitantes foram beneficiados com a tecnologia em 8 cidades brasileiras: Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Esse número deverá atingir 5 milhões com as liberações previstas para Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG).
Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas. “A nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha.
Biofábricas
Atualmente, há biofábricas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Nos locais ocorrem a produção de todo o ciclo de vida do mosquito, além da produção de ovos.
Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville também abrigam biofábricas, responsáveis pelo início do processo com a eclosão dos ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia. Além disso, estão em andamento novas biofábricas que seguirão esse mesmo modelo nas cidades de Presidente Prudente, Natal e Uberlândia.
Entenda o método de combate ao Aedes
A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti. Quando introduzida nesse mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.
O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais. Desta forma, ocorre a formação gradual de uma nova “população” de mosquitos portadores da bactéria. Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável e elimina a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo.
Os “Wolbitos”, como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética. Além disso, não transmitem doenças, e a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
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