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Dia Internacional da Mulher: Desafios e conquistas, que nos levam a reflexão

A vereadora Helena Vieira presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher da Câmara Municipal do Rio oferece artigo sobre o Dia das Mulheres

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08 de março de 2025
Dia Internacional da Mulher: Desafios e conquistas, que nos levam a reflexão
Unidas as mulheres conquistaram direitos e transformaram o mundo. Crédito: Pexels

*Por Helena Vieira

Introdução:

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, refletimos sobre as conquistas alcançadas e os desafios que ainda persistem na luta pela igualdade de gênero. Como presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, reafirmo meu compromisso em promover políticas públicas que assegurem dignidade, respeito e justiça para todas as mulheres cariocas.

Origem do Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, surgiu das lutas das mulheres por melhores condições de vida e trabalho no final do século XIX e início do século XX. Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a criação de um dia anual para reivindicar os direitos das mulheres. A primeira celebração oficial ocorreu em 19 de março de 1911.

Em 8 de março de 1917, na Rússia, uma grande manifestação de mulheres trabalhadoras protestou contra as más condições de vida e trabalho, evento que contribuiu para a Revolução Russa. Essa data foi posteriormente adotada como o Dia Internacional da Mulher.

Em 1975, a Organização das Nações Unidas oficializou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, reconhecendo a importância da data na luta por igualdade de direitos.

O Dia Internacional da Mulher no Brasil

No Brasil, essa celebração ganhou destaque ao longo dos anos, refletindo as lutas e conquistas das brasileiras.

Desde o século XIX, as mulheres brasileiras têm batalhado por seus direitos. Em 1827, foi permitida a entrada delas nas escolas elementares, e, em 1879, nas instituições de ensino superior. Esses foram passos importantes rumo à igualdade.

A luta pelo direito ao voto também marcou a história do país.

No entanto, apesar das conquistas, ainda enfrentamos desafios, como a violência doméstica e a desigualdade salarial. Por isso, o Dia Internacional da Mulher é um momento para refletir sobre essas questões e reforçar nosso compromisso com a igualdade e o respeito.

A seguir, apresentamos os principais desafios enfrentados pelas mulheres na atualidade, com dados e reflexões sobre cada um deles.

Avanços e Desafios Atuais

As mulheres têm conquistado espaços significativos em diversos setores da sociedade, demonstrando força, resiliência e competência. No entanto, ainda enfrentamos desafios que não deveriam mais existir. A violência de gênero, por exemplo, permanece uma realidade alarmante. No estado do Rio de Janeiro, os índices de feminicídio e agressões contra mulheres ainda são preocupantes. É fundamental que continuemos a lutar por um ambiente seguro e igualitário para todas.

Desigualdade Salarial e Mercado de Trabalho

A desigualdade salarial entre homens e mulheres permanece uma realidade preocupante tanto no Brasil quanto no município do Rio de Janeiro. Dados recentes destacam disparidades significativas que afetam diretamente a equidade de gênero no mercado de trabalho.

Cenário Nacional

No Brasil, as mulheres recebem, em média, 20,7% menos que os homens. Enquanto a remuneração média masculina é de R$ 4.495,39, a feminina é de R$ 3.565,48. Essa diferença é ainda mais acentuada em cargos de direção e gerência, onde a disparidade salarial chega a 27%.

Situação no Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, a disparidade salarial é ainda mais pronunciada. As mulheres ganham 27,25% a menos que os homens, com remunerações médias de R$ 4.051,19 e R$ 5.568,75, respectivamente. Em cargos de direção e gerência, essa diferença aumenta para 29%.

Comparando com outras capitais, o Rio de Janeiro ocupa a quarta posição em desigualdade salarial por gênero, ficando atrás de João Pessoa (28,89% a menos), Belo Horizonte (29,02%) e Recife (29,30%). A capital com a maior desigualdade é Teresina, com 34,17%.

Compromisso com a Igualdade Salarial

Como Presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, tenho a missão de promover políticas públicas a fim de implementar medidas que garantam a equidade salarial e combatam as disparidades existentes no mercado de trabalho.

Violência Doméstica e o combate ao Feminicídio

A violência contra a mulher permanece uma das crises sociais mais urgentes no Brasil e no mundo. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no país. No estado do Rio de Janeiro, os números também são alarmantes, evidenciando a necessidade de ações efetivas para combater essa realidade.

Principais formas de violência de gênero:

• Violência doméstica: Agressões físicas, psicológicas e patrimoniais ocorridas no ambiente familiar.
• Assédio moral e sexual: Abusos que acontecem no ambiente de trabalho, em transportes públicos e outros espaços sociais.
• Feminicídio: Assassinato de mulheres motivado por questões de gênero.

Soluções possíveis:
• Educação e conscientização: Implementar campanhas educativas que promovam o respeito e a igualdade de gênero, visando desconstruir a cultura machista e reduzir a impunidade. A educação é uma ferramenta poderosa na promoção da igualdade de gênero.
Escolas e instituições de ensino desempenham um papel crucial ao incorporar essas temáticas em seus currículos, preparando as novas gerações para uma convivência mais justa e igualitária.

• Capacitação profissional e desenvolvimento econômico: Oferecer programas de formação e qualificação profissional para mulheres, fortalecendo sua autonomia financeira e ampliando suas oportunidades no mercado de trabalho.

Organizações não governamentais, existentes no Município e Estado do Rio de Janeiro, têm se destacado no apoio ao empreendedorismo feminino, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das mulheres.

Representatividade Feminina nos Espaços de Poder

Embora as mulheres representem mais da metade da população brasileira, sua presença em cargos políticos e de liderança ainda é significativamente limitada. No município do Rio de Janeiro, essa realidade também é evidente.

Nas eleições municipais de 2024 no Rio de Janeiro, a representatividade feminina na Câmara Municipal apresentou avanços, mas ainda está aquém do ideal para uma representação equitativa. Dos 51 vereadores eleitos, 12 são mulheres. Este número reflete um aumento em relação às eleições anteriores, mas indica que as mulheres ainda ocupam menos de um terço das cadeiras disponíveis.

Vereadoras Eleitas em 2024:

Nome Partido Votos %
Rosa Fernandes PSD. 39.804 1,31
Tainá de Paula PT 49.986 1,65
Joyce Trindade PSD 30.466 1,00
Helena Vieira PSD 28.626 0,94
Vera Lins PP 27.871. 0,92
Thais Ferreira PSOL 17.206 0,57
Tatiana Roque PSB 16.957 0,56
Talita Galhardo PSDB 20.352 0,67
Tânia Bastos REP 20.424 0,67
Mônica Benício PSOL 25.382 0,84
Maíra Marinho PT 14.667 0,48
Gigi Castilho REP 13.492 0,44

Fonte: Eleição municipal do Rio de Janeiro em 2024

É importante destacar que, embora tenha havido um progresso na inclusão feminina na política municipal, a sub-representação persiste.

Principais Barreiras:

• Falta de apoio estruturado para mulheres na política municipal.
• Acesso limitado a cargos de liderança nos setores público e privado.
• Cultura institucional que frequentemente prioriza homens para posições estratégicas.

Soluções Possíveis para o Contexto Carioca:
• Implementação de políticas de incentivo à participação feminina na política local, visando aumentar sua representatividade.
• Promoção de programas de liderança feminina nas instituições públicas e privadas sediadas no Rio de Janeiro, fomentando a equidade de gênero.
• Desenvolvimento de redes de apoio para mulheres empreendedoras e gestoras, fortalecendo sua atuação no mercado local.

A baixa representatividade feminina em cargos de liderança e na política é uma realidade que precisa ser transformada. Incentivar a participação das mulheres nesses espaços é vital para que suas vozes sejam ouvidas e suas perspectivas consideradas nas tomadas de decisão. No Rio de Janeiro, iniciativas que promovam a liderança feminina e programas de mentoria podem ser caminhos eficazes para aumentar essa representatividade.

Conclusão:

O Dia Internacional da Mulher é mais do que uma data comemorativa; é um momento de reconhecimento das conquistas femininas e de renovação do compromisso com a equidade de gênero. Como presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, reafirmo minha dedicação à implementação de políticas públicas eficazes que garantam dignidade, respeito e oportunidades para todas as mulheres cariocas.

Embora tenhamos avançado em diversas áreas, os desafios ainda são muitos. A desigualdade salarial, a violência de gênero e a baixa representatividade feminina em espaços de poder continuam sendo barreiras que limitam o pleno desenvolvimento das mulheres na sociedade. Não podemos nos acomodar. Precisamos seguir avançando, fortalecendo o combate à violência, ampliando oportunidades e garantindo que cada mulher tenha o direito de viver com segurança, autonomia e respeito.

A educação é uma das ferramentas mais poderosas para a transformação social. Investir na conscientização e no ensino de valores como respeito e igualdade desde cedo é essencial para desconstruirmos padrões de discriminação e construirmos um futuro mais justo. Escolas, famílias e instituições precisam estar unidas nesse propósito, preparando novas gerações para uma convivência pautada na equidade e no reconhecimento da importância das mulheres em todas as áreas.

Neste 8 de março, não apenas celebramos as conquistas que já foram alcançadas, mas reafirmamos nossa determinação em seguir avançando. O caminho para a igualdade não se constrói em um dia, mas a cada decisão, a cada política pública e a cada ação de respeito e valorização da mulher. Que possamos, juntos, construir uma cidade mais justa, onde as mulheres tenham voz, segurança e oportunidades reais para transformar suas vidas e a sociedade.


Helena Vieira, vereadora, é presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher da Câmara Municipal do Rio

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