Artigo – Cluster Automotivo Sul Fluminense: a força da vocação regional

*Por Paulo Ganime

Hoje, um único município concentra quase metade das riquezas do estado do Rio de Janeiro. É o caso da capital, cuja participação no PIB estadual chega a 49%, uma realidade que põe em xeque o desenvolvimento do próprio estado. Fato é que, com seus 92 municípios, o estado do Rio só vai se tornar economicamente forte, quando aproveitarmos o potencial de cada região. Nenhum município, atuando isoladamente, tem forças. Porém, juntos conseguem transformar sua região e o estado.

No Sul Fluminense, temos o cluster industrial automotivo, um modelo de gestão que explora a vocação regional no setor de fabricação de automóveis e autopeças, agregando valor à produção e gerando oportunidades de emprego e renda. O cluster foi criado em 2013 pela iniciativa privada, com apoio da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), e aproveitou a disponibilidade de know-how, mão-de-obra especializada, fornecedores e universidades, que vinham se desenvolvendo localmente desde os anos 90.

A verdade é que o conceito do cluster não é novo, mas ele se popularizou no século 21. São agrupamentos de empresas com características semelhantes, concentradas geograficamente numa mesma região e colaborando umas com as outras, a fim de buscar maior eficiência produtiva. As universidades e instituições científicas também integram esse ambiente.

Segundo maior cluster do país

No início de abril, estive reunido com executivos do Cluster Automotivo Sul Fluminense para conhecer mais sobre as inovações, o potencial e os entraves do segmento. O cluster é o segundo maior do país, concentrando 23 empresas associadas, entre montadoras e fornecedores, instaladas em Resende, Porto Real e Itatiaia. São gerados cerca de 25 mil empregos diretos.

Ao longo dos anos, surgiram muitos problemas por falta de políticas públicas nas áreas de infraestrutura viária, de energia e de transportes. Hoje, um dos principais desafios do cluster é conseguir investimentos do governo do estado para obras de infraestrutura viária, a fim de reduzir os custos industriais e melhorar a segurança dos trabalhadores. Tem ainda a questão tributária por conta do atraso e, muitas vezes, da falta de repasse dos créditos de ICMS decorrentes de incentivos gerados pela Lei Kandir.

“Hoje, um dos principais desafios do cluster é conseguir investimentos do governo do estado para obras de infraestrutura viária, a fim de reduzir os custos industriais e melhorar a segurança dos trabalhadores.”

Paulo Ganime, deputado federal

Infelizmente, essas questões não são exclusivas dessa região, uma vez que as autoridades se envolvem mais com demandas da capital e esquecem que o interior tem suas riquezas e complementa a força do estado. Nossas riquezas estão no “Corredor da Laranja”, localizado em Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim e Casimiro de Abreu; na produção de óleo e gás e o Porto do Açu, no norte fluminense; moda e metalurgia, em Nova Friburgo; cervejas artesanais, na serra; café e leite, no noroeste; além das indústrias do polo de Santa Cruz e do polo de Rio das Ostras.

Buscar a vocação de cada região é o caminho para levar desenvolvimento a todo o estado, investindo em políticas públicas para reduzir as mazelas econômicas e sociais locais, criar oportunidades de emprego e renda e melhorar a qualidade de vida da população. A força do estado do Rio não é a capital, mas todos os seus 92 municípios juntos.


*Paulo Ganime é deputado federal pelo Partido NOVO-RJ.

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